Sempre que se deparar com a figura ameaçadora de um não-doutrinado, comece dizendo a ele suas idéias. Explique tudo o mais detalhadamente possível e seja didático, de preferência tratando o outro como se fosse uma criança de 7 anos numa aula de pintura em guache.
Quando terminar sua explanação, dê espaço para que ele diga o que pensa, mas caso ainda assim a resposta não seja uma “verdade, você tem razão”, afirme que ele não te entendeu bem e que talvez seja esse o motivo de discordar de você. Reinicie então a explicação inicial - repetindo tudo o que já disse - só que desta vez tratando-o como se fosse uma criança de 3 anos que misturou o cocô com a massinha e está fazendo um boneco do Saci Pererê.
Na eventualidade do sujeito teimar em discordar, chegou a hora de assumir um tom mais professoral e dizer a ele para se informar melhor, ler mais ao invés de assistir BBB, enfim, implicitamente sugerir que ele seja menos ignorante e estude mais, porque com toda certeza se ele tivesse uma capacidade intelectual e uma bagagem cultural como a sua, ele concordaria contigo.
Este é um momento crucial, pois ele pode te lembrar de coisas inconvenientes e sem importância, como o fato de fazer parte da mesma turma que a sua na faculdade ou de ter uma formação melhor. Não desanime, basta dizer que o problema é que ele utiliza mal o que sabe, ignorando questões importantes, se deixando influenciar pela Globo e adotando uma postura de burrice voluntária, precisando abrir mais a mente.
Mas antes de incorporar o Maçaranduba Guevara, faça uma última tentativa de estabelecer a paz e melhorar o clima debochando do que ele diz, sugerindo que ele seja um gorila direitista, um fascista caricato ou mesmo enumerando algumas das suas características físicas "muito" pertinentes ao tema como "cabeção" e "orelha de abano".
Se ainda assim não funcionar, é hora daquele argumento destruidor: diga que ele é um grandessíssimo filho da puta, escroto, cara de cu, que caga pela boca e provavelmente é viado.
Torça para ele responder que viado é você, porque este é o momento exato de se fazer de ofendido e dizer coisas como “e se eu fosse, qual o problema, você é homofóbico também?” ou então “olha aí, me chamou de viado, não sabe argumentar, perdeu a razão!”.
E finalmente, já que a conversa descambou para a briga de puteiro mesmo, chame alguns amigos para xingar o cara, acuse-o de ser neo-nazista, fã de Sertanejo Universitário, diga que a avó dele certamente trabalhou num bordel como amante de Goebbels e o ameace de dar umas porradas na rua.
Provavelmente depois de tudo isso ele vai baixar o nível também, então você poderá dizer com toda a calma do mundo e aquele ar zen que aprendeu a fazer quando foi fumar maconha numa rave na Bahia:
- Tá vendo? Desde o início sabia que debater com alguém como você ia acabar em baixaria.
3 Comentários:
sensacional, vou fazer uso de todas essas técnicas pra discutir lá em casa. HAHAAHA
Pois é, infelizmente o mundo está repleto de cretinos pseudo-intelectuais cheios de si, discutir com esse tipo de pessoa é impossível e todos os pontos levantados no texto são reais, sempre que em vejo em meio a uma discussão com um desses eu digo o tão esperado: verdade, você tem razão - Afinal mesmo os cretinos merecem ser felizes com sua razão torta alguma vez na vida.
Numa discussão, eu sempre ouço tudo o que meu interlocutor tem pra falar, vou maquinando mentalmente o que vou falar pra só depois vomitar tudo.
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