Se tem uma coisa que ainda vai ser objeto de análise científica no futuro é a relação dos seres humanos com câmeras fotográficas durante viagens.
Enquanto metade da comunidade científica estiver preocupada com a obsessão por tirar fotos de comida e com questões como "quantos pratos de batata-frita podem ser tão diferentes entre si a ponto de merecerem um álbum inteiro dedicado a eles no Facebook?", a outra metade estará resolvendo a complicada equação "eu na frente de um monumento qualquer, porque?".
Afinal de contas, uma foto na frente do Big Ben já serve como prova de que você realmente esteve em Londres. Duas fotos na frente do Big Ben mostram que aquela primeira foto não era uma montagem feita pelo seu amigo diretor de arte no Photoshop, mas 37 fotos no Big Ben?
Porque tirar uma em frente, outra mais abaixo, outra cortando a ponta da torre, uma com direito a usar aquelas perspectivas escrotas e fingir que está segurando o relógio entre os dedos, uma pendurado num dos ponteiros e mais outra fugindo dos policiais que te perseguiam por invadir um monumento, só mostram que você é meio babaca.
Outra coisa curiosa é a estranha necessidade que muitos sentem de fazer aquele sinal de positivo com o polegar (atualmente mais conhecido como o "curtir" do Facebook) quando vai sair numa foto de viagem.
Uma pose na frente de um prato de caranguejos em Fortaleza? Ora, nada melhor do que mostrar os dois polegares na frente do prato, junto com aquele sorriso meio forçado de quem pretende dizer "olha, um caranguejo!".
Um clique em frente à Torre de Belém em Lisboa? Esqueça toda a história que envolve o lugar, bom mesmo é fazer pose de gatão de academia, aquela boquinha de bico de pato e o polegar pra cima, como quem diz "curti muito essa torre, meu".
Aquela lembrança sua com o Mickey na Disney? Nada melhor do que sair do lado do ratinho fazendo aquele sinal de positivo que você já fez em frente à Casa Branca, ao Mount Rushmore, ao Empire State e até junto daquela stripper no Hooters.
Mas talvez nada se compare a quem apresenta o cenário da fotografia. Sabe aquele gesto com as duas mãos mostrando algo logo atrás de você, no estilo "Eis a Torre Eiffel, está vendo? É aquele monte de ferro ali atrás".
Sério mesmo que alguém pensa que precisa apontar para trás quando tira uma foto na frente do encontro dos rios Negro e Solimões? Do Kremlin? Do Cristo Redentor?
De onde vem essa idéia? De algum pensamento no estilo "Sou tão bonito e gostoso que se não apontar para aquele detalhe ali atrás todos que verem essa foto vão ficar me admirando e nem vão perceber o Coliseu de Roma ali atrás"?
Bom, tenho uma notícia meio chata para dar: ainda que aquela moçada da obra te diga o contrário, você provavelmente não é esse monumento todo a ponto de ofuscar as cataratas do Niagara e se for, porra, tá fazendo o que tirando essas fotos escrotas? Procure já a Playboy que você tá perdendo dinheiro.
1 Comentário:
Meu caro, sinto lhe dizer que vc está ultrapassado! Ninguém mais faz dedão pra cima nas fotos... a não ser aqueles rapazes que dobram o braço em 90º para o bíceps ficar contraído e bem justinho na camiseta... e daí não sobra outra alternativa a não ser fazer um "curtir", antigo "jóinha"!
Para as meninas a regra é fazer o "paz", mais conhecido como número dois. E, é claro, acompanhado de um biquinho horroroso. Aliás, vc como figura masculina e hetero, imagino eu, poderia lembrar suas caras leitoras do quanto elas ficam feias fazendo um biquinho na foto!
Mas a onda do momento mesmo é fazer um "vida loka", conhece?! Seria um "paz" invertido com um "curtir" acoplado... Tenta aí! E posta a sua foto pra gente conferir... hahaha!
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