O nosso cérebro é o maior sacana que existe.
Creio que não precisaria explicar nunca essa afirmação, já que todo ser humano vivo e que use o seu cérebro achará um bom motivo para concordar com isso. E de todas as sacanagens que ele pode fazer, ninguém está livre de pelo menos uma ou duas.
Seja a mania de gostar da pessoa errada, seja a tendência a torcer por aquele time de futebol que sempre termina o campeonato em segundo, por não saber dizer não, por nunca dizer sim, por aquela mania de dar três pulinhos antes de ligar a luz e quatro pulinhos antes de desligar, por curtir fazer sexo amarrado e bezuntado com manteiga de amendoim, pela preferência por strippers indianas, enfim, todas as suas esquisitices têm um único culpado: ele, seu cérebro, o sacana.
Mas dentre todas (e acredite, tenho muitas), sempre me intrigou a facilidade que o meu cérebro tem em aprender quase sempre o que eu seu portador - no caso eu - não gostaria que aprendesse e a dificuldade em armazenar dados que são essenciais.
Lembra quando sua mãe te dizia "você só aprende o que não presta"? Bom, a minha dizia isso "a lot". Piadas do disco inteiro do Costinha, escalações de times de futebol, fases de um video game, a letra de Faroeste Caboclo, tudo isso entrava na minha cabeça com a maior facilidade, mesmo que eu estivesse distraído vendo desenho na TV.
Já fórmulas de física, equações de matemática e elementos da tabela periódica, nem com aula particular reforçada sete vezes por semana.
Sua senha do banco, o número do seu CPF, telefones importantes, pense no esforço e nas repetições que foram necessários para finalmente ficarem memorizados. Agora pense naquela letra de funk que você odeia, naquele axé que repete coisas como "oi-oi-oi" ou "ai-ai-ai" 300 vezes, ou mesmo na musiquinha dos pôneis malditos e me diga se não concorda que o seu cérebro é um pilantra.
Acontece o mesmo com fisionomias e outras lembranças como o nome da primeira professora, aquele lugar que você almoçou em Paris há 10 anos ou se a pintinha no seio da sua namorada de adolescência era do lado esquerdo ou direito.
Mas coisas trágicas, nojentas, asquerosas ou desnecessárias, essas ficam gravadas na mente e na sua retina como se fossem esculpidas em granito. Seja onde você estava quando as torres gêmeas caíram, aquele vídeo "2 Girls 1 Cup" (se você não sabe o que é isso tente visualizar em sorvete de cocô) ou mesmo quando vomitaram no seu pé na festa de formatura. Nada disso sai da sua cabeça, já percebeu?
Você esquece de pagar a conta do telefone (só lembra quando cortam sua internet), esquece o celular na casa da namorada (e só lembra que não apagou o histórico dos SMS quando já está em casa, na cama, antes de passar a noite acordado fazendo promessas e simpatias pra "Fada do Celular Queima-Filme Perdido"), mas garanto que você não consegue esquecer aquele bordão ridículo de um programa de humor qualquer, ainda que repetir coisas como "iça negão" constantemente esteja destruindo a sua vida social.
Tudo bem que se todo mundo pudesse decorar o acerto da Galleria degli Uffize ou absorver as conjecturas de Poincaré como quem toma um copo de Coca-Cola, o mundo só teria gênios e seria chato pra cacete, mas bem que o cérebro podia ser um pouco menos sacana.
Em todo caso, fico feliz que o meu problema seja só decorar coisas inúteis e não conseguir lembrar do que eu preciso, porque vai que pra me sacanear o meu cérebro me obrigasse a curtir transar numa piscina de macarrão, assistir "Fala que eu te escuto" ou ser o tio do "pavê ou pacomê".
4 Comentários:
AGORA SEI QUE NÃO É UMA COISA SOMENTE COMIGO TODOS OS CÉREBROS SÃO SACANAS KKKK ÓTIMO TEXTO
Hahaha, total "true history"! Seus textos são sempre ótimos, parabéns.
Hahaha, total "true history"! São textos são ótimos, parabéns.
Agora quele vídeo nojento não sai da minha cabeça, hahaha.
Postar um comentário