Estamos virando memês

Postado em 18 de out. de 2012 / Por Marcus Vinicius


Os palermas finalmente descobriram que estão em maioria e o resultado disso é esse mundo em que vivemos hoje.

Não adianta querer relativizar e dizer que isso é fruto daquele sentimento de nostalgia pelo que não vivemos,  de saudade de uma época passada que é sempre melhor do que a presente porque é idealizada e nem de misantropia incurável, é fato que vivemos hoje cercados de palermas por todos os lados.

Ainda que por vezes sejamos parte do oceano de imbecis, é certo que haverá sempre alguém ainda mais imbecil logo ali na frente, só para nos mostrar como a imbecilidade alheia incomoda. Sim, nenhum mau humorado gosta do mau humor alheio, assim como nenhum imbecil costuma gostar da imbecilidade alheia, ainda que seja necessário um pouco de cérebro para identificá-la.

Então se pelo menos consegue identificar quando alguém perto de você está sendo cretino (e não tem vergonha de saber disso), pode ficar feliz, você tem salvação.

Só quem não tem salvação são os que repetem ad nauseam coisas idiotas porque "todo mundo também está fazendo". Foi esse tipo de pensamento, aliás, que levou a humanidade a permitir a criação de bombas atômicas, a comprar bambolês e a dançar o Twist.

Isso sem mencionar aquelas danças tão idiotas quanto brasileiras (ou tão brasileiras quanto idiotas?) como a boquinha da garrafa, a dança da tartaruga, a dança do maxixe (duas "mulher" com um "homi" no meio fazendo um sanduíche) e, claro, a dança da bundinha.

Essa sensação de impunidade histórica que cerca o que se chama de "moda" é o que te leva a pensar hoje em como era ridículo o que fazia ontem, mas acredite, meu amigo, era ridículo ontem também, você só parecia não prestar muita atenção nisso porque estava mais preocupado em marchar junto com as tropas de palermas do que em parar um pouquinho e ver como aquilo iria sujar seu currículo depois.


Óbvio que todo mundo tem seus surtos de vez em quando. É um direito constitucional não escrito de cada cidadão agir como um babaca de vez em quando. O problema é quando você resolve fazer isso o tempo todo.

E parece que a globalização, a internet, as tecnologias que fizeram o mundo ficar do tamanho de Ritápolis (MG, 4.925 habitantes), serviram para nos mostrar que um sujeito lá na Albânia ou na Austrália pode ser tão idiota quanto aquele seu vizinho que te acorda todo sábado pela manhã ouvindo "Gangnam Style" aos berros.

Atualmente não temos mais piadas, notícias ou assuntos, temos memês. Todo mundo está virando um memê.

Qualquer notícia, curiosidade, fotografia engraçada, pose bizarra ou frase idiota termina perdendo todo o impacto depois de uma repetição enfadonha que transforma tudo na mesma geléia disforme da idiotice.

Se você comenta sobre a situação do país, ouve que todo mundo tá puto com a corrupção, "menos a Luiza, que está no Canadá". Se fala sobre uma briga que viu no trânsito, alguém chega e diz algo sobre o "Chuck Norris que nunca apanha".

Seu amigo comenta sobre um dia ruim no trabalho? Recebe logo um daqueles quadrinhos "como pensam que é meu trabalho, como eu quero que pensem, como realmente é, blablabla". Sua tia diz que não aguenta mais as pessoas falando o tempo todo de novela? Você logo responde "ui, ela não gosta de novela".

E por aí vai.

Tudo termina vítima dessa idiotização de qualquer assunto e estamos sempre presos a essa obrigação social de ter que trazer um sorriso babaca na cara o tempo todo.

Parece que a humanidade chegou num ponto onde já deu o que tinha que dar, por isso - até por questões de sobreviver à seleção natural - é bom que você cultive mais seu mau humor, sua intolerância às idiotices, seu senso de auto-babaquice e tente agir diferente do resto da manada. Mesmo que só um pouco.

A história nos mostra as merdas que acontecem quando gente demais se junta para fazer tudo igual, vide o nazismo, o fascismo e o comunismo, que no final das contas não passaram de memês de péssimo gosto.

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