Depois do Orkut dar nome ao que já acontecia desde antes de Cristo e chamar aquela invasão de sem noções que estraga qualquer coisa que antes era boa de "orkutização", ficou bem mais fácil identificar o fenômeno.
Aquela praia legal que de repente ficava ruim, aquela boate descolada que de uma hora para outra ficava impossível de frequentar, a sua lanchonete favorita que um belo dia você não quer mais nem passa pela porta, tudo isso tem uma causa: excesso de gente.
Pior, excesso de gente chata.
Já disse isso uma vez e sempre que posso repito: o problema do mundo é o excesso de gente, que traz consigo o excesso de cretinos em progressão geométrica.
Por isso quando um programador resolveu criar o Instagram - espécie de rede social de troca de fotos ou se preferir, a versão Justin Bieber do Fotolog - garanto que jamais imaginou que a cretinada fosse transformar aquilo em mais um palco do eterno espetáculo de chatices da raça humana.
#Porque #amigos #esse #negócio #de #ficar #falando #com #hashtags #é #um #puta #pé #no #saco.
As pessoas passaram a não sair apenas para comer, mas para escolher no cardápio as comidas que sejam mais fotogênicas para serem postadas na internet. Disso surgiu o reinado do cupcake - que assim que a idiotice for abolida do mundo voltará a se chamar apenas "bolinho" - e dos copos de café do Starbucks, presentes de baciada no Instagram e em outras redes sociais.
Aí começa o desfile interminável de "#coffee #vanilla #cup #lunchbreak" ou "#fruitsalad #banana #melon #orange #grapes #peach #apple" e o cacete a quatro. Pelo amor dos céus, será mesmo obrigatório dizer todos os ingredientes de uma bosta de uma salada de frutas?
Imagina um livro de receitas do Jamie Oliver inteiro desse jeito? Haja estômago. E o Jamie Oliver pelo menos é inglês, o que serviria como desculpas para traduzir para o idioma de Shakespeare o conteúdo de um lanche ou sobremesa.
Vivo torcendo para algum troll mijar num copo do Starbucks e colocar a foto na net. Como não dá pra ver o que tem dentro (pelo menos do tradicional copo branco), vai ter um monte de gente colocando ridicularidades como #delícia #euquero #tambemvoutomarum se referindo basicamente a um copo de xixi.
Pensando bem, até que fazer isso não é má idéia.
O problema é que nem toda comida que escolhem para postar é fotogênica. Brigadeiro de colher, por mais gostoso que esteja, vai parecer sempre cocô num prato para quem vê uma fotografia.
Entendo perfeitamente a necessidade de eternizar momentos, eu mesmo sou assim. Mas existe uma diferença abissal entre tirar a foto de um almoço que está delicioso para guardar aquilo apenas para você e postar a foto de um bife de fígado com quiabo no Facebook.
Isso sem contar as fotos de pés na praia, apontando para monumentos (como se fosse impossível alguém enxergar aquela Torre Eiffel ali atrás) e as fotos de si mesmo no espelho do banheiro, como se o espelho de um banheiro em Milão fosse muito diferente do espelho de um banheiro num posto de gasolina na Dutra.
Mas tudo bem, vivemos sob a ditadura das modinhas (tanto que falar mal de modinha também virou modinha), tire suas fotos o quanto quiser, poste onde bem entender mas, pelo bem do nosso cretinômetro (pelo menos de quem possui um), será possível pelo menos #parar #com #essa #babaquice #de #hashtag?
#Obrigado!
3 Comentários:
Hilário. Como eu sou meio anarfa digital, então esse tipo de coisa ainda é novidade para mim.
#ficadica
(Pelamordedeus, tira essa verificação, Marcus!)
#apelo
Vou tentar colocar comentários a partir do Facebook quando mudar o layout do blog, o problema é que sem a verificação é uma tonelada de SPAM para um grama de comentários. Hehehehehehe.
#tenso :P
Beijos!
Adorei!!!
E olha que hoje é 08/04/14, ou seja, 15 meses depois que vc escreveu isso!
Fui procurar algo na net que falasse do meu saco cheio dessas porcarias de # e achei seu blog.
Parabéns, falou td o que eu penso!
E fazendo só um adendo da sua postagem, muitos que usam não conhecem o uso básico da vírgula, por exemplo.
Que dureza!!
Thais
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