Dunga, convoca o Romário!

Postado em 11 de mai. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Hoje finalmente saiu a convocação da SeleDunga. Podem chamar também de Selenike se preferirem, pra mim é indiferente, porque nesta Copa eu vou torcer pra Argentina. Um time burocrático e de "operários", ainda que levar craques-vagabundos não fosse também uma grande solução.

Mas tenho certeza que muita gente vai xingar o Dunga por mim, prefiro falar de um assunto mais agradável. Outro dia meu amigo @luckfaber me chamou no MSN pra falar da participação do Romário num programa de TV. Comentou comigo sobre como era bom vê-lo em campo, o gênio da grande área, e como era melhor ainda ouvi-lo falar fora do campo.

Ainda recordo a véspera da Copa de 1994 e o clamor nacional pela sua convocação. O Brasil aos trancos e barrancos nas eliminatórias até que na última partida, contra o Uruguai, o teimoso da vez Carlos Alberto Parreira resolve ceder (não ao clamor, mas ao medo de não se classificar) e convoca aquele que sem dúvida alguma era o melhor jogador em atividade no mundo.

Show naquela partida, show na Copa, 24 anos de fila terminavam e ninguém duvidava: aquela era a vez do Romário. Naquele futebol burocrático da Seleção de 94, ele foi o lampejo de genialidade, de arte, de leveza.

Não me entendam mal! Eu não desprezo aquele time como fazem os "comentaristas" esportivos. Pra mim aquela foi a melhor Seleção Brasileira que eu já vi, simplesmente porque foi a primeira que eu vi ser campeã e que tirou da nossa boca o gosto amargo das derrotas de 82, 86 e 90. Foi por ela que vibrei em frente a um aparelho de televisão no quisque Viajandão, na Barra da Tijuca, o mesmo que o Romário ia pra jogar futvolei.

Mas o time de 94 não teria sido o que foi sem o seu craque, sem o seu futebol objetivo e refinado e sem a sua personalidade única.

E é aí que Romário se distancia anos luz dos jogadores que foram seus contemporâneos e dos que o sucederam. Ele é um cara verdadeiro, sem essa falsa máscara da humildade e do "coletivismo" que nivelam tudo por baixo.

"Não fui eu que ganhei nada, foi o grupo". Mas pera aí! O time fez 20 gols no campeonato e você foi responsável por 19! "Não sou melhor do que ninguém, o grupo e o professor é que são importantes". Assim falam os bagres de hoje em dia, que se não são totalmente bagres com a bola nos pés, são verdadeiros pernas de pau quando abrem a boca.

Ele não. Romário teve a ousadia de dizer que Deus apontou o dedo para ele e disse "você é o cara!". Todo mundo tem direito de achar isso, afinal das contas, todos nós vencemos uma luta contra alguns milhões de outros espematozóides, mas quem tem coragem pra dizer isso? O Baixola tinha e ainda tem.

Suas histórias e suas frases antológicas provam isso.

"Se eu for à Copa do Mundo, deve ser pelo que estou fazendo, não por aquilo que fiz. E por isso penso que é normal que eu vá, já que agora sou o melhor."

"Estou com 72 quilos, sim, e daí? O elefante é gordo, mas quando tem incêndio na floresta ninguém ganha dele na corrida"

"Parar? Nunca! Quando vejo em campo esses garotos de 19, 20 anos... Eles são muito ruins. Aí eu penso: não vou parar de jogar tão cedo"

Não consigo imaginar nenhum desses jogadores robotizados dos dias de hoje tendo cojones para dizer nada disso aí em cima.

E isso nos traz de volta a essas convocações do Dunga, nessa Seleção sem graça e tão contestada que o Brasil possui atualmente. Essa opção pelo "coletivo", pela "aplicação", pelo "sacrifício" é explicada pelos tipos de jogadores que existem. Uns, ruins de bola porém dedicados, os populares carregadores de piano. Outros que são bons de bola, mas verdadeiros vagabundos, moleques no que diz respeito à postura profissional.

Faltam, jogam mal, prejudicam suas equipes e acham que isso é "malandragem". Eis aí a grande diferença entre essa turma da bebedeira e da balada e o Romário: ele ia pra noitada sim, tinha um monte de mulheres no pé, chegava tarde nos treinos, mas quando entrava em campo resolvia a parada. Foi artilheiro do Campeonato Brasileiro com 39 anos. Ele funcionava.

E ainda que não jogue mais, ainda que não tenha condições físicas para entrar em campo como em outras épocas, bem que o Dunga podia convocá-lo para, quem sabe, a sua presença lembrar a todos ali, inclusive ao próprio Dunga, do porque o Brasil ser Brasil no futebol.

A diferença entre humildade e falsa humildade é essa: uma distingue o vencedor, a outra o apequena.

8 Comentários:

Luís Guilherme Fernandes Pereira postou 11 de maio de 2010 às 10:46

O Ganso tem personalidade, como o Romário.

Anônimo postou 11 de maio de 2010 às 10:51

Pra mim, a melhor frase do Romário, aquela que me fez acreditar que jogador de futebol também fala coisas que se aproveitem de vez em quando é aquela em que ele diz: "O Pelé calado é um poeta." Nunca ninguém disse nada mais acertado sobre o nosso rei do futebol, que jogava muito, mas quando abre a boca... Entende?!?

@twittuka postou 11 de maio de 2010 às 12:13

Concordo com você sobre a seleção de 94. Também foi a primeira que vi vencer. Por ser piá na época, ficou muito marcada a decepção das 3 copas anteriores, 82 e 86 tinham timaços, jogavam bonito e perderam feio. A de 90 foi um equívoco do início ao fim. A de 94 era pura retranca, mas foi quem levantou o caneco. E foi o Dunga que "comandou" aquele time.
Qto à essa seleção de agora, gostando ou não, é a que temos, então vamos torcer né?

Guto Senra postou 11 de maio de 2010 às 13:24

Engraçado é toda uma nação se achar um técnico melhor do que o Dunga, de repente todo mundo entende muito de futebol. Quando a minha mãe começou a palpitar sobre o assunto percebi que somos mesmo um povo medíocre. Enfim... só o tempo vai nos mostrar se toda uma nação estava certa ou alguém teimoso estava errado.

joaomuniz postou 11 de maio de 2010 às 14:05

Concordo sobre a seleção de 94, pra mim também foi a primeira que vi levantando o caneco. Gostei muito da selação do Felipão, a equipe era boa e conseguiu encontrar um meio termo em todos os aspectos. Agora essa do Dunga, embora eu não seja louco por futebol, eu tenho até receio em realmente torcer, sinceramente é um time que não corresponde ao futebol brasileiro... vamos esperar... ótimos post... Abs!

Larissa postou 11 de maio de 2010 às 15:51

o Romário é que devia ser o técnico da seleção! Aposto que íamos ganhar mt mais e ele ia botar pra fuder hahaha!!!

beijo!

Hermanos & Brazucas postou 12 de maio de 2010 às 07:03

Gosto muito do Baixinho, e qual você a seleção de 1994 também me foi marcante. COomentava esses dias sobre a diferença de expectativa pra essa seleção e praquela: o time de lá pode ter sido melhor que o de agora, mas não muito, se analisarmos todas as posições (vale fazer essa brincadeira, qualquer hora). Mas o que acontece é que lá, como tínhamos menos informações, e como boa parte dos jogadores era daqui, havia maior vontade de ver ganhar, e maior crença de que isso fosse possível. Não sei se me faço entender, mas na copa de 2006 era muito evidente que aquele time mal passaria das oitavas, mesmo tendo vários craques...

Abraço!

Allejo postou 27 de novembro de 2010 às 22:44

com Romário e Allejo seríamos campeões, ganhando todos os jogos

 
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