O anti-tudo

Postado em 10 de mai. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Sou rabugento mesmo, não nego. Quem me conhece (pessoalmente ou não) sabe que tenho uma postura extremamente crítica em relação a quase tudo, mas se serve de consolo, sou assim até comigo mesmo, então não é implicância com os outros, com seus ídolos, suas crenças e nem seus gostos pessoais.

Eu sei que a vida é curta e que a existência de 4 segundas-feiras por mês a torna ainda mais complicada, mas não é por isso que eu tenho que fingir que gosto de coisas pelas quais sinto horror só pra dizer que "sei viver". Acreditem: mesmo não achando graça nas piadas do CQC, não assistindo BBB, não sendo "cervejeiro" e nem indo a micaretas, eu consigo ser feliz em várias ocasiões.

Não sou rico (gostaria muito de ser acintosamente rico, mas não sou) e sempre penso que diversão de pobre é castigo de rico. Churrasco na laje, cerveja de 1 real, funk, pagode...só pode ser tortura, né? Mas tem quem se divirta com isso, fazer o que? Acho o maior barato e quase invejo quem consiga tirar satisfação do que custa tão pouco.

Mas o assunto é sobre eu e mais algumas pessoas serem consideradas "anti-tudo". Os ranzinzas, os estraga-prazeres, os reclamões, os que não sabem viver. Pra manter a fama, permitam-me discordar disso.

Alguém já pensou que uma pessoa considerada anti-tudo pode ser na verdade a favor de um monte de coisas? Eu mesmo não sou anti quase nada e sim a favor. Por exemplo, acham que eu sou anti-PT. É mentira. Eu sou é a favor da transparência e da ética na política, da democracia representativa, da alternância de poder.

Dizem que eu sou anti-funk, anti-favela (o que seria quase a mesma coisa), mas uma outra forma de enxergar isso é me ver como alguém a favor de uma cidade mais bonita, mais organizada e de todos os estilos agradáveis de música, que definitivamente não passam perto do funk.

Claro que também tem o pagode e o axé, mas eu não sou "anti" nenhum dos dois também. Eles podem ser colocados ao lado de sub-celebridades e novelas da Globo. Sou a favor de todos! A favor de que participem da missão da NASA para Marte e fiquem por lá.

O mesmo acontece com lugares cheios, não é que eu odeie multidões, é que prefiro lugares mais vazios. Não detesto o calor escaldante do verão, prefiro o frio. Viram como é só uma questão de ponto de vista?

Pense em mim como alguém que é totalmente favorável a um ambiente refrigerado, com pessoas bonitas e cheirosas, boa conversa e companhias que me façam ser alguém melhor depois de alguma convivência.

Viver e evoluir é abrir portas e aproveitar as portas que nos abrem. Ficar parado no mesmo lugar, gostando das mesmas coisas e acompanhando a maioria é mais confortável, com certeza, mas nem por isso é melhor.

Se eu curtisse jogar uma pelada no final de semana, enchendo a cara de cerveja e depois saindo pra um pagodinho com certeza teria uns 100 amigos a mais. Teria programa pra fazer todo sábado à noite, ouviria rádios FM sem precisar trocar de estação de 10 em 10 minutos e ainda por cima economizaria a grana da mensalidade da TV a Cabo.

Mas não posso trair minha personalidade, afinal de contas, aí eu seria "anti-eu" e isso sim, é imperdoável.

11 Comentários:

Isabel postou 10 de maio de 2010 às 10:57

Acho que o problema é quando temos um copo pela metade, é sempre o vemos meio vazio, e nunca meio cheio...

Laís F. postou 10 de maio de 2010 às 11:44

É uma vida sem muitos 'causos', rs, mas vale a pena...
Engraçado q eu tava aqui justamente pensando em fazer um acordo com a minha mãe e aumentar o pacote da tv a cabo...

Andresa postou 10 de maio de 2010 às 12:21

Lembrei da época em que trabalhei em uma empresa distante da minha cidade que disponibilizava um ônibus. Bem, o trajeto era feito embalado por muito forró ruim e com letras de duplo sentido (imaginem mais de 2 horas por dia). Como outros, eu levava meu mp4 e tudo transcorria bem até um funcionário me questionar se eu não gostava das músicas tocadas e eu disse que não gostava... PRONTO! Fui bombardeada por perguntas e olhe que eu nunca reclamei das músicas deles.

Anônimo postou 10 de maio de 2010 às 12:27

Achei um espetáculo o post! Parabéns! Importante para pensar mesmo nos "pontos de vista" e no quanto se aceita a opinião do outro, ou a sua própria...
Abraços!

Unknown postou 10 de maio de 2010 às 12:34

É super normal ter seus gostos, suas idéias...o errado é querer que todos concordem contigo. A diversidade de idéias e gostos é que faz a graça da vida...

Anônimo postou 10 de maio de 2010 às 12:37

... e eu, inadvertidamente, há anos atrás, dei depoimento a um jornal dizendo que nao me importavam os jogos do Brasil na copa do mundo de futebol... pensem na reação!

MassaG postou 10 de maio de 2010 às 19:07

Excelente!
Às vezes eu paro e penso: será que estou certo com meus gostos?
Aí eu vejo pessoas dançando "Rebolation" e me convenço: sim, estou.

Cissa postou 10 de maio de 2010 às 19:38

Quem disse que você não sabe viver a vida??? Claro que sabe! E muito bem ora... Só q do seu jeito! Imagina se todos nós tivéssemos os mesmos gostos, hábitos e idéias, que chato seria... Eu detesto calor, adoro frio, me amarro em andar na chuva.... mesmo sendo carioca, amar o Rio, e o “não gostar de verão” ser quase um sacrilégio por aqui...rs. Detesto funk, pagode... mas acho que dá pra se divertir, e muito, num churrasco mesmo, (programa de pobre), mas com um fundo musical bem mais refinado. “Olhar crítico” pode parecer rabugice para alguns, mas é considerado inteligência e visão ampla para muitos. Porque não estranhar o nosso próprio mundo, como se nele estrangeiros nós fossemos? Porque todas as mulheres devem achar o Gianecchini ou o Brad Pitt lindos? Eu prefiro os gordinhos... e inteligentes... como Selton Mello ou Seth Rogen. Algumas pessoas conseguem ser mais “únicas” do que as demais, e você é uma delas... Vive la différence! Acredito que os 100 amigos a mais não lhe fariam falta... rs Aproveite, comemore... porque mais do que estranhamento, é a admiração que você atrai.

Rodrigo[NightSpy] postou 11 de maio de 2010 às 05:55

A grande questão é.... respeito acima de tudo... eu sou suspeito pra falar pq sou meio q o inverso de vc, gosto de quase tudo, mas não pense que isso é fácil não, quase sempre sou taxado de "sem personalidade".

Assim como vc diz ser a favor de outras muitas coisas e as pessoas não percebem, digo q sou contra outras muitas coisas tb e passa despercebido.

Oq nos faz passar a impressão de "anti-tudo" ou "sem personalidade" são as atitudes que tomamamos acerca de nossos gostos e desgostos.

Porem, por ser assim, creio que vc veja muitas vantagens, como eu vejo em ser eclético em quase tudo... e no fim, ser feliz do jeito que escolhermos viver é oq importa.

Ah e como tudo nessa vida quantidade de amigos não significa qualidade.

Bom texto cara. Abraços.

Ju Whately postou 11 de maio de 2010 às 12:16

ah! e, segundo uma grande amiga, ela diz que algumas coisas ela aprendeu que é PROIBIDO não gostar. Exemplo: jamais fale que não gosta de Beatles, de criança, de copa do mundo (como o anônimo haha) e por aí vai...

Ju Whately postou 11 de maio de 2010 às 12:20

Acho o primeiro comentário não foi...

Então, é meio óbvio que, se tudo tem dois lados (ou mais), ao nos posicionar estamos adotando uma postura 'pró-algo' e anti o restante.

E, já que aqui tem o nome "Contra a correnteza", seria incoerente se vc não fosse anti-algo. Ou aqui se chamaria "mesmice"...

 
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