Vai com calma...

Postado em 14 de mai. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Pouca coisa assusta mais o outro num início de relacionamento do que o velho erro de "ir com muita sede ao pote". Não adianta, por mais que você esteja afim, por mais que até cogite algum futuro com aquela pessoa, se você perceber que um laço foi atirado para te segurar que nem novilho de rodeio, geralmente vai correr.

Amor à primeira vista é uma beleza, mas depois dê um espaço porque senão ele morre sufocado.

Só que muita gente não entende isso e faz exatamente o contrário. Imagina, você conhece alguém, sai, dá uns amassos e na primeira ida ao motel a pessoa vem com uma frase pós-sexo no estilo "nunca mais quero fazer isso com outra pessoa". Tudo bem que até pareça bonitinho num primeiro momento, mas "nunca mais"? Tipo, e se você tiver outros planos? Atração fatal mode on?

Tem gente que adora esses arroubos, tipo "Ou você será minha ou não será de mais ninguém" ou "Tenho certeza de que passaremos o resto da vida juntos, custe o que custar". Na boa, esse tipo de declaração só me faz colocar o telefone da delegacia anti-sequestro na discagem rápida do celular.

Óbvio que ninguém começa nada pensando em terminar, mas essas promessas às vezes parecem mais ameaça. Sem contar que às vezes você quer mesmo é uma saidinha e só. Acabou de sair de um namoro de 8 anos, está na sua, conhece alguém interessante e avisa: "tô fora de relacionamento agora".

A pessoa ouve, diz que tá tudo bem e aí na terceira saída vira pra você e diz "vamos no batizado da filha da minha prima sábado?". Você se pergunta naquele momento desde quando batizados e festas de família entraram no rol de programas em um relacionamento casual, mas inventa uma desculpa e ouve em seguida "não precisa ficar com medo, vamos só como amigos".

Acredite: ninguém te leva pra conhecer a família "só como amigo".

Falando isso assim do nada dá a entender que sou um baita coldheartbreaker, né? Nada disso. É que dificilmente alguém passa dos 20 anos sem ser psicopata numa relação e sem se relacionar com um psicopata em outra. Claro que às vezes ocorre de ser e se relacionar ao mesmo tempo, mas aí é o que a gente chama de casamento.

E ninguém está livre dessa atração fatal. Tenho um amigo que contou que foi com a namorada viajar e no meio de uma noite acordou com ela olhando pra ele fixamente, olhos vidrados. Se assustou e perguntou o que era aquilo, e ela respondeu: "É que sonhei que você estava com outra. Você sabe que você é meu, só meu, não é? Nunca se esqueça disso".

Ele disse que pensou seriamente em passar a dormir com uma faca embaixo do travesseiro e só desistiu da idéia porque concluiu que ela o mataria antes já que ele estaria dormindo mesmo, então a faca poderia até ajudar no crime.

Mas sério, é muito chato você conviver com gente intensa demais. Não defendo de jeito nenhum frieza, distância, mas essas pessoas que tem ciúmes até de artista na televisão são um saco. Você é assim? Cheio de energia para gastar? Vai fazer triatlon e deixe o outro em paz!

Porque toda hora discutir relação esgota qualquer um. Imagina, parece a assistência técnica do cupido. "Quero devolver esta mercadoria porque ele dorme depois de fazer sexo e isso não consta no manual".

Será que existe alguma regra? Tipo, só a partir da 5ª saída é permitido mencionar se tem irmãos ou não? Ou então só depois da 10ª é que é de bom tom ir no McDonald's num sábado de tarde (vai dizer que você também não acha isso programinha de namorado?).

Um coeficiente é fácil: se você anda frequentando a casa da pessoa e te oferecem um lanche, desista, estão namorando. É a lei do misto-quente.

Brincadeiras à parte, tem coisas que assustam mesmo. Você lá, na segunda saída, cineminha domingo à noite e a pessoa te pergunta "tem programa pro reveillon?". Detalhe: vocês estão em março.

Um outro amigo me disse para radicalizar, entrar na maluquice pra ver se assusta mais ainda a pessoa e a coloca pra correr. Por exemplo, o (a) louco (a) te diz algo como "vou passar o resto dos meus dias com você!" e ao invés de se assustar você responde "vamos fazer um pacto e combinar de nos matar antes que o mundo nos separe!".

O problema é se o doido não sair correndo e te disser "boa idéia!".

12 Comentários:

Daniel Wander postou 14 de maio de 2010 às 04:32

Isso deveria ser o mantra de qualquer relacionamento, estja no início ou não!

Excelente!

zambof5 postou 14 de maio de 2010 às 08:45

concorde de longe com sua opinião, o problema é que essas pessoas cheias de cíúmes não estão nem ai pra isso, são tão vazias e fracas que não conseguem enchergar a seu lado obscuro.

já passei por isso e hoje sou apaixonado por todas... ai não tenho muito tempo pra quase ninguém! ;)

Josy Diniz postou 14 de maio de 2010 às 09:09

Concordo com muito do que foi dito mas o problema são as pessoas e as suas idealizações de relacionamentos. A pessoa passa uma vida vendo historias de amor e toda aquela melação e grude em livros, cinemas, tv ou o q seja e acaba projetando algo do tipo no pobre infeliz q não está nem ai pra isso tudo...
Adorei o post.

Lu Rosa postou 14 de maio de 2010 às 09:45

Bem, bom... Passar o resto dos dias com alguém é lindo aos 14,15
16... Com o tempo se cai na real. Após os trinta a maioria das pessoas - a não ser uma muito descompensadas -, arregala muito os olhos diante de uma afirmativa dessa.
Mas só levo em casa para conhecer a família aqueles que tenho certeza de que serão amigos. Não gosto de causar terror na minha família. É que sou boa em escolher protagonistas de filmes de suspense para minha vida.
E falando um pouquinho sério... eu realmente acho que ficaria preocupada se alguém me dissesse que quer passar o resto da vida comigo. Dependendo da pessoa eu teria de me programar pra saber o quanto minha vida ia durar.

Unknown postou 14 de maio de 2010 às 11:06

Passei/to passando por essa situação recentemente. No caso a psicopata sou eu. E acredito que, na verdade, as pessoas que dizem esse tipo de coisas desesperadoras , na maioria das vezes, espera uma resposta. Não tem como eu afirmar que quero passar o resto da minha vida com alguem e a outra pessoa olhar pro lado, ou mudar o canal da TV. Ela tem que esboçar alguma reação, e apartir dessa reação são projetados os supostos rumos dessa relação, e, consequentemente, são ditas mais frases psicoticas e vc é segurado que nem novilho de rodeio.

Fernanda Loss postou 14 de maio de 2010 às 11:37

Tenho um relacionamento um tanto diferente e a distância e fui obrigada a aprender a não exigir fidelidade e sim lealdade e convivemos muito bem assim. PS já faz 1 ano!!

Pollyanna postou 14 de maio de 2010 às 11:37

Realmente... relacionamento não é fácil! Qualquer um.. seja de homens e mulheres, ou de homens com homens e mulheres com mulheres.. cada um é cada um!
Mas de qualquer modo, nunca vivi um relacionamento assim, sempre saio fora antes de começar o "grude"! Embora esse tipo de atitute não se baseie somente em relacionamentos amorosos... conheço pais e mãe que vivem a vida dos filhos e não os deixam viver e aprender com seus erros e acertos...
O mesmo se dá em relações fraternas e até mesmo de amigos. Fala que vc nunca teve um amigo super-bonder... daqueles que não desgrudam por nada? Nem... saio fora mesmo!!
Adorei o post.. vou voltar aqui mais vezes...

Ju Whately postou 14 de maio de 2010 às 12:27

Eu já fui psicopata e já fui vítima, como dito. Mas isso passa... Se ainda não passou, fica tranquilo; a não ser que morra mto cedo, vc vai amadurecer.

Com o tempo a gente aprende isso td. Que ser passional assim não leva a lugar algum.

Agora, a Pollyana tocou num ponto mto interessante. O pior é qdo são pais, irmãos ou amigos, pq normalmente não passa com o tempo, só piora!

Parabéns pelo post! Aliás, digo isso todo dia, né? Já tô ficando pegajosa... vou pegar leve! hahaha

Unknown postou 14 de maio de 2010 às 17:19

Que post interessante. Eu to meio sem palavras até pra comentar. É o que eu sempre digo, a coisa mais complicada do mundo chama-se "Relações Humanas". É muito tênue a linha entre o brincar e o magoar alguém!!

Enfim, belo texto!!

Boneca cinéfila postou 14 de maio de 2010 às 21:19

Querido amigo, discutir relação é sobretudo, muito chato. É aí que tudo morre. Tesão, paixão, e até o amor. Sim, pra mim, amor tb morre.
Bj, Laísa.

Jessyca postou 15 de maio de 2010 às 07:54

O melhor é quando, depois dessa palhaçada toda de psicose de primeira saída, de você é tudo pra mim, a pessoa (psicótica) aparece desaparece e aparece uma semana depois namorando (com outra pessoa, claro) :)

Clássico!

rafaelacc postou 27 de maio de 2010 às 14:14

"Você lá, na segunda saída, cineminha domingo à noite e a pessoa te pergunta "tem programa pro reveillon?". Detalhe: vocês estão em março."

HAHAHAHAHA Aconteceu algo muito parecido comigo, as diferenças: estávamos apenas na primeira saída e era setembro. Resultado: eu nunca mais saí com o cara de novo. hauhauhauha =D

 
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