Descobertas de quem mora sozinho

Postado em 29 de dez. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Papel higiênico não nasce no banheiro.

Você até pode achar que essa afirmação é estranha, mas para quem nunca morou sozinho e de repente resolve curtir as maravilhas de ter o seu "canto", esta é , entre outras, uma descoberta fenomenal.

Morar sozinho é bom, pode ter certeza. Você entra e sai a hora que quer, pode assistir televisão deitado no sofá até de madrugada, pode receber quem bem entender, pode andar pelado pela casa, ouvir música alta, passar 30 dias só se alimentando com barras de chocolate e M&Ms, deixar todos os aparelhos eletrônicos ligados ao mesmo tempo, enfim, tudo o que você sempre quis fazer quando era adolescente e não podia nem quando se trancava no banheiro e muito mais.

Mas é claro que não existe almoço grátis e tudo isso tem seu preço.

Por exemplo, você descobre que além do papel higiênico não nascer no banheiro, as frutas também não aparecem milagrosamente na fruteira como você sempre acreditou enquanto morava com seus pais.

Também vai perceber que pode até comprar uma geladeira frost free e um forno auto-limpante, mas que por mais modernos que sejam esses eletro-domésticos, eles ainda não são dotados da capacidade de fazer brotar queijos, ovos, refrigerantes, iogurtes e nem o seu jantar.

Pode parecer incrível agora que você mora sozinho, mas alguém precisava ir no supermercado e comprar todas aquelas coisas que apareciam na geladeira, e alguém precisava cozinhar aqueles jantares que surgiam como milagre no fogão.

E sabe o mais amedrontador? Além do fato de toda a louça que você suja não correr pro banheiro para tomar banho e ficar limpinha esperando a próxima refeição, ninguém te ouve reclamar porque o pão acabou, o presunto está no final ou tem uma barata no banheiro, como acontecia antes.


Você acreditava que suas reclamações eram palavras mágicas, não é? Que bastava esbravejar durante algum tempo que o pão fresco corria direto da padaria para a sua cozinha, o presunto se fatiava e ficava lá, se oferecendo ao seu paladar, e a barata pegava um chinelo, cometia um suicídio altruísta e ainda por cima tomava o cuidado de já se matar na lixeira, para não deixar aquela gosma no chão.

Viver sozinho é escolher entre matar a barata e limpar toda aquela nojeira ou então conviver harmoniosamente com ela no mesmo apartamento, como se vocês fossem roommates. Gritar pela empregada não é uma opção.

Outras particularidades vão se mostrando com o tempo, como a estranha mania que os botijões de gás têm de acabar no meio de um feriado prolongado, das velas se esconderem durante um apagão e da sua despensa ficar vazia no meio da madrugada, justo naquela hora que bate uma fome tão grande que se uma ONG te descobrisse, criava uma comissão para estudar uma forma de te ajudar.

Depois de algum tempo morando sozinho, você provavelmente já terá desenvolvido a estranha compulsão por estocar papel higiênico, enlatados, fósforos e velas, como se fosse enfrentar algum bombardeio aéreo.

Você também vai nutrir uma estranha paixão por móveis - sério, vai dar o maior valor a ter cadeiras para sentar e a não acordar com a cara no mesmo nível dos seus sapatos naquele colchão jogado no chão - e além disso vai achar o maior barato comer numa mesa e não ter caixas de papelão espalhadas por todos os lados.

Mas tirando as contas que não se pagam sozinhas, a sujeira que insiste em te perseguir e não ir embora antes de ser espantada com vassoura, espanador e pano de chão e o fato de que o número de amigos que você resolve reunir em casa é diretamente proporcional à trabalheira que você vai ter para arrumar tudo no dia seguinte, morar sozinho é uma aventura e tanto.

O ideal mesmo seria unir a liberdade de ter sua própria casa com a comodidade que você tinha na casa dos seus pais, quando sempre existia alguém para resolver cada um dos seus problemas e tudo parecia custar baratinho.

Infelizmente isso não é possível, ou até é, mas você precisa dar um golpe do baú ou ganhar a Mega Sena primeiro.

9 Comentários:

Ramon Gutermann postou 29 de dezembro de 2010 às 07:45

hahahaha !

CAra, com certeza....
Estocar as coisas está fazendo parte...

Acordar no nível dos meus sapatos...
É, até agora não consegui comprar minha cama. :(

Saudades do meu ar-condicionado, e não ver aquela conta monstruosa de luz, que não se paga sozinha. :(

Anônimo postou 29 de dezembro de 2010 às 07:48

Passei por tudo isso e hoje voltei a morar com minha mãe.. e sabe de uma coisa? Passaria por tudo novamente só pra ter de volta a liberdade =/

Anônimo postou 29 de dezembro de 2010 às 07:53

Minha privacidade não tem preço.Lavo a louça quando quero,como o que quero.Mesmo com a conta alta do mercado,melhor assim.Quando dá para comer caviar,beleza! Senão,levo o ovo numa boa.E em paz! hahaha

Anônimo postou 29 de dezembro de 2010 às 08:01

Morar sozinha é o que há !! As coisas positivas superam de longe as negativas...Adorei o post !! @Floriano_Van

Anônimo postou 29 de dezembro de 2010 às 08:48

hahaha, quando fui morar sozinha também tive os mesmos dilemas e ficava imaginando que com a mega sena teria uma "mordoma" só pra pagar as contas e lembrar do papel higiênico.
Mas depois a gente vai pegando no tranco ...

beijo e um feliz ano que se inicia pra vc !!!

sou sua fã !!!

beijos

Isabel postou 29 de dezembro de 2010 às 12:01

O mais chato é ter que consertar as coisas que quebram.... O ideal era arrumar um namorado do tipo "faz tudo", que desentope a sua pia, conserta a descarga e ainda troca o chuveiro que queimou, rss.

Susy postou 29 de dezembro de 2010 às 13:33

Nossa, post muito bom sem palavras R.s. Não moro sozinha ainda mas ainda bem que quando sair de casa ja vou sabendo que o papel higienico não nasce no banheiro rsrsrs.

Seus posts cada dia estão melhores
ja pensou em ter uma coluna em um jornal? Certeza que vai dar super certo.

Um Abraço.

mvsmotta postou 29 de dezembro de 2010 às 13:35

Susy,

Quem sabe um dia, né?

Beijos

Vanessa postou 29 de dezembro de 2010 às 20:10

Realmente seus posts são excelentes! Concordo que merecia uma coluna em um jornal. Bom, sempre fui muito independente e pra mim foi natural morar sozinha, ainda estou descobrindo algumas coisas, umas divertidas e outras nem tanto, mas faz parte! Abraços

 
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