A princípio toda viagem em grupo parece uma boa idéia. Seja o pessoal da faculdade, alguns velhos amigos ou mesmo aquela excursão.
Viajar com uma turma pode garantir que você terá sempre companhia para fazer um passeio, para dividir dicas sobre lugares transados e até para se perder num país de língua estranha e placas escritas em alfabeto cirílico. Uma excursão ainda te garante a tranquilidade de não se preocupar com nada, já que eles te buscam no aeroporto, te levam pro hotel, organizam seus passeios e dizem até os horários que você pode ir ao banheiro.
E aí é que a teoria inicia uma briga conjugal com a prática, porque convenhamos, essas viagens em grupo possuem todos os problemas de um casamento - debates sobre ir a um restaurante de massas ou um japonês, diferenças de temperamento, gostos distintos, tensões de uma convivência prolongada, aquela obrigação de ir junto ao mesmo lugar - sem ter nem pelo menos o sexo como compensação, o que nem é de todo ruim, se você pensar naquele casal de cabelo azul comemorando bodas de ouro que está na sua excursão no meio de um bacanal num ônibus fretado.
Os seres humanos são tão diferentes que podem transformar até um passeio na Europa ou no Caribe num inferno para seus semelhantes. Existem os que acordam cedo, os que dormem tarde, os que gostam de aventura, os que preferem programas sossegados, tem quem curta uma loja de eletrônicos, outros preferem um sexshop com dançarinas búlgaras e dromedários, enfim, é difícil atingir qualquer consenso racional, mesmo que não seja sobre nada tão radicalmente oposto quanto chegar até uma praia deserta confortavelmente num Land Rover com ar-condicionado ou descendo de rapel no meio de uma área infestada de tubarões.
Pense bem: você passou a noite numa rave em Barcelona, foi dormir às 8:00 da manhã e depois de 27 doses de alguma coisa misturada com gelatina que te fez achar uma versão de Chitãozinho e Xororó em romeno o maior barato, a única coisa que deseja é dormir.
Mas de repente seu colega de quarto te acorda para fazer uma caminhada e conhecer obras de Gaudí ao ar livre. Porra, seu amigo é gente boa, Gaudí é o maior barato, mas fala sério. E sim, isso estraga um pouco a viagem dos dois.
O mesmo acontece com aquela sua namorada viciada em informática, que depois de passar três dias contigo só visitando museus em Nova York resolve dar um xilique no meio da exposição do Andy Warhol:
- Chega dessas viadagens de latas de sopa e Marilyns coloridas, quero ir na Apple Store agora!
Mas ainda pior é estar num city tour com gente que só tem um interesse: comprar. Vão no Museu do Tubarão? Azar dos tubarões, eles querem é comprar golfinhos de pelúcia. Está no estádio do Barcelona? Problema seu, eles querem é comprar canetas oficiais do time para presentear os amigos do trabalho. Foram numa vinícola no Chile? E daí? Eles querem mesmo é saber onde está a lojinha que vende sabonetes com aroma de prosecco. Está diante de um Van Gogh? Porra, eles querem saber é onde podem comprar 20 Moleskines. E como geralmente guias turísticos ganham comissão por vendas, você ainda corre o risco de ouvir absurdos como:
- Chegamos em "El Caminito", local onde nasceu o tango, vocês terão 15 minutos para conhecer tudo e depois vamos para um passeio de duas horas no shopping.
Dá a maior vontade de mandar todo mundo pra putaquepariu. E de excursão.
Se você tiver que ir para a PQP, tente pelo menos não ir de excursão
Postado em 28 de fev. de 2012 / Por Marcus Vinicius
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1 Comentário:
Estamos no meio de um passeio para a puta que o pariu com uma galera toda estranha, cheio de novos milionários da máquina publica, entre serras, Lulas e Cabrals e me parece que a tripulação está achando o "maior barato" nesta viagem, porque pede para ir de novo.
Tem também um lado maquiavélico da galera que é o "eu não vou me phoder sozinho" e acaba te convidando para a festa de não sei quem lá no bairro de não sei aonde, da tia da prima de um amigo do cunhado de um conhecido meu.
Já no caso de viagens...Ótima leitura a sua meu querido, em viagens, nos resta sempre o arrependimento ou de ter ido ou de não ir.
Leis de Murphy?
Talvez!
Excursão por excursão, façamos a excursão para o inferno...Que na maioria das vezes o diabo é o próprio guia turístico.
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