Aplaudir o pôr-do-sol é mole, quero ver é vaiar terremoto

Postado em 19 de fev. de 2013 / Por Marcus Vinicius

O esquerdista brasileiro típico é uma espécie que habita preferencialmente o litoral. Eles adoram o sertão, o semi-árido, a terra rachada, mas só pra tirar umas fotos e mostrar para os netos depois. Pra viver, viver mesmo, eles preferem lugares onde se aplauda o pôr-do-sol.

Não é ave migratória, mas adora um programa de milhagem, não suporta os lucros das grandes corporações, mas sempre que pode divaga sobre seu maior ídolo, Carlos Marx (o Jack Estripador alemão), saboreando uma das muitas marcas de canjibrina da Ambev, num desses botequins de paulista.

Ele é aquele cara que debate a poeira, que protesta contra o lixo, que teoriza sobre o pneu furado, mas não pega no espanador, não varre o quarteirão, nem sabe para que serve um macaco hidráulico (desconfia que seja mensagem subliminar da direita contra o politicamente correto).

Se não fosse metido a ateu, o esquerdista brasileiro típico teria como seu principal lema a frase: "Dá trabalho? Deus me livre!".

Mas como não acredita nessas coisas de religião (a menos que seja pra usar umas fitinhas do Bonfim podres no pulso) ele prefere se dedicar às igrejinhas partidárias mesmo. Todo esquerdista brasileiro típico que se preze tem um pastor, guru, guia ou seja lá como queiram chamar essa pessoa que detém a verdade universal que eles ficam incumbidos de espalhar pelo mundo.

Serve quase qualquer um, desde Emir Sader até Eduardo Galeano passando por Marilena Chauí e outros psicopatas do pensamento político. Para os que têm preguiça de ler, pode ser até o Lula ou o Paulo Henrique Amorim mesmo.

Não importa muito o nome, desde que propague (com óbvias adaptações bananenses) as mesmas melopéias que tanto agradam os ouvidos dos medíocres desde o início do século passado: odeie pessoas mais bem sucedidas que você, culpe os outros pelos seus problemas, deixe para depois de amanhã o que você poderia fazer hoje e ponha a culpa no ontem, se algo precisar ser feito mande alguém fazer no seu lugar.

Além disso, claro, só se preocupe com generalidades e coisas que acontecem bem longe de você, dessa forma basta pintar um cartaz e berrar palavras de ordem na frente da embaixada americana mais próxima.


Assim, jovens bem criados na Zona Sul do Rio de Janeiro ou em bairros nobres de São Paulo, engordados a milk-shake do Bob's nem dormem preocupados com a revolução bolivariana, com os apagões em Cuba, com a situação dos índios Gualaná-Kuat no meio da selva.

Quando resolvem se envolver em alguma questão um pouco mais perto de casa, geralmente é para reclamar que o governo resolveu desmontar uma cracolândia, remover alguma favela, limpar alguma praça, ou seja, o esquerdista típico brasileiro geralmente está sempre pronto a entrar em campo com seu furor revolucionário para defender o consumo de drogas mortais, a manutenção de guetos de miséria e o lixo.

Até poderia ser espantoso, mas aí você lembra que esse tipo de gente até hoje lê "O Capital" como se fosse uma pedra de roseta e...

O esquerdista brasileiro típico é aquele cara que apoia incondicionalmente o "progressista" de ocasião que esteja no governo, mas experimenta o sujeito resolver colocar um relógio de ponto na repartição.

Vira porco capitalista neo-liberal no ato.

E isso é o mais curioso sobre o esquerdista brasileiro típico:  tudo o que eles fazem é pelos "proletários", a luta de classes é uma necessidade inadiável, a burguesia fede e seus partidos sempre tem a expressão "trabalhador" no nome ou no manifesto.

Mas todos eles, sem exceção, têm verdadeiro pavor de trabalho.

Se precisar ficam 15 anos numa universidade federal para não ter que procurar um emprego. Quando não tem mais jeito, correm para alguma estrutura partidária, sindical ou alguma boquinha que só exija como habilidade a arte de puxar saco e falar bobagens.

Passam o tempo se preparando para ser aposentados, como se a vida se resumisse a uma eterna greve geral.

Só o que não fazem de jeito nenhum é greve de cretinice, nisso são verdadeiros workaholics.

3 Comentários:

Isabel postou 19 de fevereiro de 2013 às 11:03

É isso, aí! Trabalhar nunca foi o forte dessa gente. Querem mudar o mundo, mas podiam começar com a louça suja na pia, hehehe

Unknown postou 20 de fevereiro de 2013 às 06:51

Ai, Marcus, o texto é tão bom que quase não sobra espaço para comentários.

Lembrou o texto do Rodrigo Constantino, sobre a esquerda caviar.

A nossa realidade é exatamente essa: muita demagogia, muito palavrório mas arregaçar as mangas para trabalhar esse pessoal "progressista" não quer.

São super chegados numa ditadurazinha básica, admiram esses líderes de fantoche que, por uma misteriosa razão, são eleitos e reeleitos ad infinituum (vide Chaves e agora o Correia, do Equador).

Conheci 2 comunistas, um inclusive que fora... hum... perseguido na época da ditadura. Este último morava nababescamente num apê básico na Vieira Souto e já tinha dado várias voltas no mundo em viagens igualmente nababescas.

Mas se dizia comunista...não sei se chegou a visitar Cuba, mas e o fez, certamente não foi por amor à "causa".

Enquanto isso, elevaram Lula a deus e em seus pés fazem oblações e acendem velas e pedem proteção e bênçãos.

Até quando, heim?

mvsmotta postou 20 de fevereiro de 2013 às 09:53

Luciana,

Até quando, infelizmente não sei, mas sei de uma coisa: não existe noite que dure para sempre.

A Era da Mediocridade vai terminar.

Abraços!

Marcus

 
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