MID (Maldita Inclusão Digital) 2.0

Postado em 27 de jan. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Faz algum tempo eu disse aqui que o problema do Brasil não é desinclusão digital, mas desinclusão cultural. Me chamaram de elitista, discriminatório e claro, "preconceituooooooooso!", mas já estou acostumado e não ligo muito.

Ouvi num filme esses dias uma personagem falar assim: "como dizia minha mãe, eu prefiro estereotipar, é mais simples e eficiente". Pois é. Nem sempre rotular é um pecado mortal.

Depois que passou a ser "feio" se chocar com qualquer coisa, passamos a ter a obrigação de aturar tudo quietos, com aquele semblante de estátua, senão somos "intolerantes" e dá-lhe lição de moral pelo ouvido...

Achar ruim um casal de homosexuais dando amassos numa lanchonete num sábado à tarde, por exemplo, pode te transformar em 2 segundos numa mistura de Darth Vader com Sauron aos olhos do politicamente-correto-tolerante-diversificado-imperativo. Não digo absolutamente que um casal homosexual não possa existir, ou andar junto, ou se beijar. Mas atualmente querem nos proibir até de achar inapropriado o que nem mesmo casais heteros são aconselhados a fazer.

Mas esse é um assunto para outro dia, não vou digressionar demais.

Por isso o horror quando eu começo a dizer que antes de distribuir acesso à internet para o "povão", o governo deveria é distribuir educação.





Dessa forma, ao invés do desfile de pérolas (esse link vale a pena acessar) de estupidez, semi-analfabetismo e indigência cultural que vemos, assistiríamos a internet contribuindo para o complemento da formação de estudantes e profissionais, coisa que acontece muito pouco por aqui.

Infelizmente para o senso comum (e felizmente para mim) eu acho mais inteligente remover uma favela do lugar e instalar as pessoas dali num bairro aonde possam morar, colocar esse monte de moleques de rua pra estudar, melhorar o nível da escola pública, etc, do que distribuir posse de puxadinho e colocar conexão Wi-Fi ali.

Criou-se o mito de que a tal inclusão digital é uma espécie de elixir que fará sumir por milagre toda a estupidez dominante que assola o país.

Não é. E como podemos ver pela foto que ilustra esse post, a inclusão digital tornou-se um mito em si. O número de pessoas que acessam a internet no Brasil cresce vertiginosamente em todas as classes, reportagens como esta e esta demonstram isso claramente.

Não quero dizer aqui, antes que me acusem disso, que acho que o "pooooovo" não tem direito de acessar a internet. Pelo contrário, acho que todo o país, do Oiapoque ao Chuí, deveria ter acesso à rede mundial de computadores.

Não acho que internet deva ser "coisa de rico" ou "diversão de doutor". O que penso é que isso não deveria ser considerado privilégio, assim como a educação também não e infelizmente o é.

Mas o tal mito da inclusão digital acabou invertendo prioridades, desviando foco e sub-dimensionando a importância da educação.

Educação essa que não é nem mito, coitada, não passa de um fantasma.

7 Comentários:

Unknown postou 27 de janeiro de 2010 às 02:22

Não me considero uma expert na escrita,mas também não escrevo futebol com "u" no final...coisa que me deixa com calafrios.Uma pessoa que escreve isso e outras barbaridades e me dá uma cantada,como posso levar a sério?
por isso,embora seja chamada de "chata",meus filhos são corrigidos sempre e induzidos mais ainda a "lerem muito",pois a leitura ainda é o passaporte carimbado para uma boa escrita.
Você,minha inspiração,continue assim.E nada à ver quem pensa que você é elitista.Sou uma pessoa bem simples,mas não me sinto de forma alguma ofendida com suas opiniões.Beijão!

Lucas postou 27 de janeiro de 2010 às 06:03

Belo post! O problema é que os governantes não estão nem aí pra educação, eles querem mesmo é ser populares! Grande parte doa governantes são apenas populistas!
Abraço!

Bruna postou 27 de janeiro de 2010 às 06:40

Pão circo meu querido... É o que funciona neste país. Mais uma distração para o povo, além de novela e Big Brother. Por que eles não dão tv à cabo de graça? Porque o povo terá mais opções de aprendizado, como Discovery, History e National Geographic, por exemplo. É mais fácil iludir do que ajudar.

SukaTsu postou 27 de janeiro de 2010 às 07:09

O governo, em todos os níveis, quer mesmo é uma cambada de pseudo-alfabetizados porque só assim eles poderão ser manipulados.
Todos os programas sociais no Brasil são um arreio bem colocado em pessoas que estão achando muito bom viver de papo pro ar às nossas custas. E por quê diabos eles vão querer que mude o sistema??? Prá eles terem que voltar a trabalhar prá ganhar um mísero salário mínimo???
Inclusão digital no Brasil é balela. O que o governo dá é pão e circo. Prá que dar mais se todo ano tem carnaval e campeonatos de futebol e, de quebra, de quatro em quatro anos temos Copa do Mundo de Futebol???

Rodrigo postou 27 de janeiro de 2010 às 07:28

Acredito que a popularidade da internet ou da acessibilidade a educação de qualidade, em nosso país, pode ser vista sob diversas óticas. Considerando que a internet possibilita o acesso a diversos conteúdo, o que mais me preucupa não é a popularização desta mas sim a orientação de como usa-lá; orientação das suas possibilidades inclusive para a educação.
Penso que a educação de qualidade não se faz atualmente nas escolas públicas brasileiras e nem se fará com a popularização da internet nas residências mais umildes. É preciso que o governo tenha uma postura conscisa diante da educação e da internet sobre a tal inclusão. O que vemos é o termo inclusão sendo utilizado erroneamente, como acessibilidade e/ou popularização. A inclusão digital pode e deve existir, não apenas na acessibilidade e na popularização da internet, mas principalmente na orientação de seus recursos educativos e de informação.

AlphaMale postou 27 de janeiro de 2010 às 11:03

Uma coisa que não se pode negar é que a internet no Brasil, tem um percentual tímido de grandes geradores de conteúdo. A maior parte dos detentores de informação no nosso país, é a mesma que já detêm o conteudo distribuido pela televisão e mídia escrita. Dois ou três grandes conglomerados de sócios, determinam que tipo de conteudo chega à nossos lares, pelo correio, antenas de TV e mesmo pela internet, sendo que neste ultimo o controle é menor, justamente pelo fato de ser integrada e "livre". Ainda que tivessemos grandes empresas digitais no país, não adiantaria se o usuário como se vê, não souber se utilizar ou administrar este conteudo. Assim, só uma série de mudanças conseguiria mudar a utilidade da rede aqui pelas terras tupiniquins.

LiraBellaqua postou 27 de janeiro de 2010 às 18:21

Cara, você é BEM sensato. Finalmente uma voz inteligente no Twitter e nos blogs. Não que eu não conheça outros, mas é impressionante como concordo com quase tudo o que você diz. Parabéns, hoje em dia gente como você, que fala o que pensa e danem-se os "reclamões" está cada mais raro de se achar. Ganhou uma fã. Abraços!

 
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