Os campeões são eles

Postado em 22 de jan. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Brasileiro tem esse mal de atribuir à nacionalidade da pessoa as suas qualidades.

Aliás, nem só brasileiro, vários povos tem isso. É o caso da Fórmula 1. Ouvimos na imprensa que o Brasil "não vence um mundial de F1 há anos". É mentira.

O Brasil nunca venceu nada, mesmo porque é impossível um país inteiro sentar-se no cockpit de um monoposto. Quem venceu foi Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna. Eles, apenas eles. Conquista e mérito pessoal somente deles que investiram tempo, treino e dinheiro para chegar lá.

Pergunte quantos dólares o governo brasileiro gastou ou gasta para formar pilotos de corrida.

Logo, títulos do Mundial de Pilotos pertencem única e exclusivamente aos pilotos e os do Mundial de Construtores aí sim, pertencem de certa forma aos países onde suas equipes estão sediadas, de onde sai a tecnologia e o estudo que possibilitam que aquele carro praticamente voe.

Caso semelhante ocorre em campeonatos de futebol. Sei que é legal comemorar o título do nosso clube, zuar os rivais, mas vejamos: eles ganham milhões, nós gastamos alguns milhares para ir ao estádio. Eles andam em vôo fretado, nós corremos o risco de ter nosso carro rebocado na saída do jogo. Eles faturam prêmios com os títulos, nós gastamos mais dinheiro ainda comprando faixa, camiseta comemorativa. Quando o time perde eles vão pra churrascaria e pra boate afogar suas mágoas e lágrimas de crocodilo, nós somos zuados pelos rivais.

Não é muito difícil concluir que campeões são os jogadores que disputam o torneio, eles é que correm dentro de campo e que também embolsam os prêmios e lucros com o tal título.

Por isso eu digo que brigar por causa de futebol é coisa de quem definitivamente tem vocação pra padeiro de piada: prepara a massa, os outros comem o pão e no final ele só queima a rosca.

Vemos um monte de exemplos assim em nosso país. Machado de Assis mesmo é sequestrado toda vez que alguém deseja limpar-se de toda a indigência cultural brasileira e por aí vai.

Óbvio que um país deve orgulhar-se das conquistas de seus filhos, isso é mais do que desejável até mesmo porque nessa terra de políticos ladrões e homens públicos que são verdadeiros anões morais, bons exemplos são necessários.

Mas orgulhar-se não é se apoderar delas.

Somente para finalizar, tome-se por exemplo o César Cielo. Foi para os EUA porque aqui não conseguiria um treinamento de nível, precisou usar um maiô emprestado na Olímpiada de Pequim porque o COB nem isso forneceu e no final vem algum malandro dizer que "o Brasil ganhou medalha de ouro"?

Desculpem amigos, mas nesse caso aí o Brasil só mereceria sentir-se "campeão olímpico" se fosse chamado "República César Cielo".

11 Comentários:

Flaviana postou 22 de janeiro de 2010 às 04:17

Sim, brigar é uma piada! Agora o esporte e em especial o FUTEBOl é a minha alegria, e daí...cada um gosta do q quiser P* ...tem gente q escreve em Blog....e daí...tem gente q curte BBB....Mais concorda q quando o assunto é FUTEBOL a adesão é muito maior? Lol....e quem critica é pq num tem nem capacidade de entender o q é um impedimento...kkk...flw

Unknown postou 22 de janeiro de 2010 às 04:55

Concordo em gênero,número e grau quando vc diz que na verdade quem ganha é o corredor,o jogador,o desportista de modo geral.Inflamos sim nosso peito e nos sentimos orgulhosos ao ver nossos representantes ganhando medalhas,troféus,etc.
Discutir,brigar,por causa de esporte,é assinar atestado de vacilão,aí sim,pois na real,quem ganha são só eles.Nós?Ficamos do lado de cá torcendo,e torcendo,e torcendo.Se ganham ou se perdem,estão lá na vidinha boa deles.

Maurício Targino postou 22 de janeiro de 2010 às 04:58

Brother, essa citação do Cielo no encerramento foi brilhante. Baita texto, meus sinceros parabéns. Quanto a brigar por futebol, a luta contra essa babaquice é inglória, pois "eles" têm aquele comercial de cerveja a toda hora...

Achar É Fácil postou 22 de janeiro de 2010 às 06:26

No cinema acontece a mesma coisa... lembra quando Ensaio Sobre a Cegueira foi lançado como uma obra brasileira, só que nào teve um centavo nacional dentro da produção Japão/Canadá... o máximo que teve foi dinheiro do Fernando Meirelles através da O2 Produtora...
Francamente o brasileiro precisa começar a verdadeiramente aparecer para então poder se vanglorizar...
Abraço e ótimo texto!

Pocket Filme postou 22 de janeiro de 2010 às 07:31

A-DO-REI!
:)
@luschievano

Anônimo postou 22 de janeiro de 2010 às 07:32

100%

Ronaldo Santos postou 22 de janeiro de 2010 às 07:32

Seu texto expressa muito bem o que se passa dentro do nosso país.

Devemos sim ficar feliz com as vitórias, mas também temos que saber que o merecedor do prêmio foi aquele que lutou para consegui!

Grande abraço!

Thaccila postou 22 de janeiro de 2010 às 10:21

... certamente ... "vida de brasileiro é dificl " xD
gostei do post

Pedro postou 22 de janeiro de 2010 às 11:27

Permita-me discordar do seu texto. Grande parte da motivação de vencer determinada competição ou de ter seu talento reconhecido está no fato de existirem pessoas que ficam irracionalmente felizes com o sucesso alheio. E isso não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. A capacidade do ser humano de se emocionar com vitórias de outras pessoas e transformar isso em motor para suas próprias vidas não deve ser menosprezada.

jecscwb postou 22 de janeiro de 2010 às 12:18

Falou tudo!!! Sem comentários

SukaTsu postou 22 de janeiro de 2010 às 13:18

Concordo em gênero, número e grau e quero acrescentar que a mídia é muito babaca nesses casos.
Por exemplo: quando Guga era o 1º no ranking mundial era tratado de "nosso" Guga. Com Thiago Rodrigues foi a mesma coisa, como é, infelizmente, com todo atleta ou artista que se destaca no cenário mundial.
Bastou aparecer outro nome no cenário prá ninguém mais falar de nenhum deles.
Acho que uma frase que é o retrato dessa mania é a famosa: "A Seleção é a pátria de chuteiras".
Acho legal comemorar a vitória do time do coração, mas sem perder a perspectiva de que quem ganhou mesmo foi quem jogou.

 
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