Balzac tinha razão

Postado em 22 de jul. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Estava totalmente afundado no trabalho pesado de um dia comum (leia-se: navegando na internet para matar o tempo e esperar o relógio chegar perto das 18:00) quando me deparei com uma reportagem da Veja - pois é, sou reacionário, burguês, insensível e leio a Veja - que dizia que o auge da beleza feminina acontece em torno dos 31 anos.

Sei que a coisa é quase científica, mas me pareceu uma redundância como dizer que "chocolate é bom" ou que "90% dos ídolos adolescentes estão fadados a virar ex-viciados gordos" ou ainda que "99,9% das estatísticas citadas em textos na internet são fajutas".

Sem desmerecer as demais faixas etárias - já que admiro as mulheres desde os 18, idade que não "dá cadeia", até a fronteira do complexo de Édipo - é claro que a vizinhança dos 30 e poucos anos é a melhor fase da vida da mulher. Não é por acaso que as balzaquianas fazem sucesso entre homens de todas as idades.

E não diria isso só pela beleza, que nessa idade estaciona entre o viço e a maturidade, tomando emprestado o melhor de cada um, mas no seu modo de ser, na sua forma de pensar, no seu trato com o mundo e as pessoas que a rodeiam. Ela já sabe o que quer, não tem nojinhos na cama e os poucos tabus que ainda traz consigo ela geralmente já está disposta a atirar na lixeira, junto com os bagaços que cultuava na adolescência.

Se ela ainda não é mãe, pelo menos terá algumas amigas que o são e isso dará a ela a noção exata da preciosidade do tempo, das experiências, sensações, da urgência de se viver. Essa urgência no entanto não se confundirá com ansiedade, imaturidade, já que ela terá vivência suficiente para saber que o sol vai nascer amanhã e que oportunidades - ao contrário do que prega a auto-ajuda - vão, mas voltam.

Cansei de conhecer meninas de 20 e poucos depois que eu passei dos 30 e era algo como:

- E aí? Tudo legal?

- Nossa! Foi diferente. Meu namorado de 18 anos nunca conseguia passar dos 45 segundos, não sabia que sexo podia durar 5 minutos...

- Pode durar bem mais, você trocar algumas posições e não mascar chiclete durante ajuda muito.

- Pô, legal, mas e aí? Vamos sair sexta? Tem uma micareta-trance irada num sítio lá em Ribanceira, vai durar três dias direto...

- Deixa eu pensar: barulho, mosquitos, acampar e cagar no mato. Nem de graça...

- Você tá ficando velho...

E eu pensando: "Não, você é que ainda tá muito nova".

Com uma de 30 não tem isso. Ela pode não ter frescuras - o que é excelente - mas já tem o refinamento necessário para não planejar uma data especial em um luau com 50 amigos de faculdade, uma dúzia de maçãs, meia melancia e 2 garrafas de vinho de 1 real.

Aos 30, as espinhas e os cortes de cabelo alternativos - leia-se escrotos - já foram embora e a gravidade ainda é apenas uma lei da física. Como bem diz a pesquisa, elas estão mais confiantes, normalmente já ganham seu próprio dinheiro, dominam seu estilo, e ainda que não tenham aquela experiência cansada das mulheres mais velhas, que parecem que "já viram de tudo", elas sabem pelo menos o que querem e, principalmente, o que não querem.

Sabem que inteligência é uma maravilha, mas que ninguém vai pra cama com a tese de mestrado do outro, por isso beleza é fundamental. Que projetos em comum ajudam bastante, que o ideal do amor infinito é apenas isso, um ideal, e estão dispostas a construir o seu amor diariamente.

E a melhor parte: elas tem muito a oferecer, a ensinar e são tão generosas que até permitem que você as ensine um truque ou outro.

Só não podemos esquecer de uma coisa: mesmo em sua melhor fase, ainda assim elas são mulheres, estes adoráveis seres que de uma hora para outra podem se comportar de um jeito totalmente inesperado e confundir nossa cabeça, já que está para nascer quem vai entender pelo menos 50% da cabeça de uma mulher.

E por falar em estatística, uma pelo menos não é furada: Honoré de Balzac estava 100% certo.

PS: A bela balzaquiana que ilustra este post é a inglesa Danielle Lineker.

12 Comentários:

Unknown postou 22 de julho de 2010 às 09:58

Digamos que nós mulheres vamos aprendendo a selecionar melhor.Assim como os homens tem suas fases conforme a idade,nós também passamos por isso.Já passei dos 30 faz tempo.na verdade tenho 40,mas essa coisa de saber o que quer,de dar cor e sabor aos momentos só com a idade mesmo.Sinto-me muito mais segura e capaz hoje do que uns 15 ou 20 anos atrás.Talvez porque no meu caso não tenho medo de envelhecer.Me divirto até,quando ouço que não pareço ter 40.Porque bom humor,estar de bem com a vida,mesmo nos dias que ela parece estar à fim de te sacanerar,faz toda a iferença.
Beijão moço bonito...

Anônimo postou 22 de julho de 2010 às 09:59

Fabuloso! Você escreveu exatamente o que percebo em mim. Fantástico mesmo. Parabéns! Beijos, Tati.

Anônimo postou 22 de julho de 2010 às 10:02

é por isso que desde os 15 eu sempre quis ter 30! E até hoje eu quero ter 30!!!! é verdade que com os trintinhas chegando, a mulher ja sabe o que quer e como quer, e obedeça!!!! é uma delicia os 30!

Mi postou 22 de julho de 2010 às 10:34

É exatamente isso. Ninguém poderia ter descrito melhor uma mulher de 30. Me encontrei em cada linha, cada palavra...Vivemos sem receios, talvez medos... comuns a qualquer ser humano. Mas vivemos com intensidade e desejo. Com humor e generosidade.
E queremos sempre mais.

Anônimo postou 22 de julho de 2010 às 10:34

5 minutos?

Mari Cordeiro postou 22 de julho de 2010 às 10:43

Este ano faço 30, e há tempos estava pensando no quento essa idade pesa. Pensando nisso, cheguei a conclusão de que não pesa nada. É apenas um ano a mais dos 29. E ouço tantas pessoas falando que a vida depois dos 30 só melhora - pessoas mais velhas que eu - que acabo me animando com isso. Seu texto só deu mais uma ajudinha pra mim. É ótimo saber que tem gente que pensa assim. Valeu!!

Katia postou 22 de julho de 2010 às 11:08

Esse post veio bem a calhar. Sábado faço 32 anos e posso dizer seguramente que estou vivendo a melhor fase da minha vida. E quando olho pra trás...prefiro 1000 vezes o que sou hoje...bem mais!

Anna Clara Lima postou 22 de julho de 2010 às 13:14

A vida humana é uma constante experiência de travessia.Ainda tenho 03 anos pela frente,pena...
Chego lá,mas...ops!!!...
5 minutos,é?...Sério?...
Mesmooo?...
Bjks!
Sempre,
Anna Clara Lima.

Mônica Paiva postou 22 de julho de 2010 às 13:22

Sabe que eu nunca tinha pensado nisso? E Balzac tinha razão!
Gostei do seu blog e estou te seguindo.
Bjos
http://www.coisasdepedralva.blogspot.com

Coisas de Mulherzinha postou 22 de julho de 2010 às 16:50

Esse texto foi um carinho na alma e uma carícia demorada no ego.
Uma delicia.
Beijos

Marina Saldanha postou 22 de julho de 2010 às 22:22

Acabei de descobrir teu blog, depois de um surpreso follow no twitter. Gosto de ler "coisas" e gostei do teu último post. Admiro boas leituras, admiro quem chama minha atenção com bons textos. Sucesso!

Anônimo postou 25 de julho de 2010 às 19:02

Falta pouco para me tornar numa balzaquiana.... kkkkk

Beijos ú&e =***

 
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