Patchwork

Postado em 1 de jul. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Quando nossos pais vão para a cama e pensam (ou não pensam) que aquele é um bom dia para fazer um bebê, eles não fazem isso imaginando que aquele novo e pequeno ser chegará para a vida para sofrer por amor, perder amizades ou trair alguém.

E no berçário, quando damos ao pequeno ser boas-vindas ao mundo, ninguém deseja que o mundo o maltrate, ainda que este mesmo mundo não se importe muito com estes planos. Mas é quase uma obrigação nossa lutar contra a presença insistente da tristeza e da preocupação em volta de nós e sermos felizes.

Mas o que é ser feliz? É o sorriso de um filho? O frio na barriga? O rosto conhecido? Os planos para o futuro? Uma xícara quente de café com leite? Uma jóia? Um automóvel? Uma viagem? Respirar?

Tudo isso é felicidade e nada, nada disso é.

Não existem pessimistas, existem realistas. A realidade é que contribui para um pessimismo consciente. Vivemos cercados de preocupações. A saúde dos que gostamos, as contas para pagar, o mal que impera no mundo que nos cerca, o mal que vive no mundo que cada um traz em si.


Por isso a felicidade não é nada, mas pode ser tudo.

Ela pode estar num sorvete, pode estar num beijo na boca, pode estar num mergulho no mar, numa conversa agradável, pode estar no seu par te perguntando "o que eu posso fazer para nossa vida melhorar?".

O pessimismo realista nos avisa que não há felicidade plena. Não existe - e talvez jamais tenha existido - uma felicidade sem sobressaltos, até mesmo porque fica difícil saber o que é bom, sem conhecer o gosto do ruim.

A vida bem vivida está escondida, esfumaçada, por entre todas as dores de viver. É um incenso.

Talvez seja uma colcha de retalhos, vários pedaços do bom e do mau espalhados desordenadamente, à espera de que nossa percepção os una. Não é necessário criar a felicidade ou a tristeza, elas estarão sempre ali. Necessário é apenas uni-las. Ponto a ponto. Minúncia a minúncia.

No fim, somos nós que decidimos com o que vamos nos cobrir.

7 Comentários:

Tati Lula postou 1 de julho de 2010 às 06:21

Observar a vida desta maneira faz com que ela fique mais leve, dores são necessárias, alegrias inevitáveis, paz..., nestes dois momentos costuradas a cada instante do dia. Viver é isso! Obrigada pelo post!

Victor Ferreira postou 1 de julho de 2010 às 06:21

"Não é necessário criar a felicidade ou a tristeza, elas estarão sempre ali. Necessário é apenas uni-las."
Tudo pode ser feliz ou triste, depende do seu ponto de vista, depende do que você deseja, você cria a sua felicidade e a sua tristeza apartir do momento que você sabe o que quer.
Mais um ótimo post seu Marcus, parabéns.

Grasi postou 1 de julho de 2010 às 10:11

Uma ótima visão sobre como realmente tecemos a vida, somos responsáveis por esta costura que une os fatos inevitáveis da nossa vida.

Anônimo postou 1 de julho de 2010 às 10:12

Tem a haver com o que li outro dia no @ApenasReflita ''O sucesso é ter o que você deseja, e a felicidade é desejar o que você já tem.''

Anaísa postou 1 de julho de 2010 às 13:11

Tem mesmo razão. A danada da felicidade aparece em lugares, muitas vezes, inusitados...
bem lembrado*
beijos

André Luís postou 1 de julho de 2010 às 14:46

O Buda diz: Encare a felicidade e a infelicidade como fatos da vida, e continue polindo o seu próprio ser, Tudo é um instrumento, para ser usado em seu aprimoramento.

thochuli postou 2 de julho de 2010 às 16:16

Tanto a felicidade quanto a tristeza aparecem em momentos sempre inesperados ou significantes para e nao tanto para outros. Se pudessemos descobrir o mecanismo que a vida nos leva.

 
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