Os famosos da internet ou Big Brother Brasil virtual: o mundo de Caras fica aqui!

Postado em 3 de nov. de 2009 / Por Marcus Vinicius

Nestes tempos modernos a internet virou quase uma necessidade na vida das pessoas. Seja para pagar contas, fazer compras, enviar memorandos, encontrar amigos, marcar alguma saída ou simplesmente jogar tempo e conversa fora, a rede mundial de computadores de uns anos para cá é quase como o telefone, o carro ou a televisão: imprescincível para qualquer pessoa que viva onde também exista eletricidade (risos).

Excetuando-se o fato dela, a internet, ser também um pára-raios de vodu; no sentido de atrair tudo quanto é maluco, pentelho e gente esquisita que estava escondida seja lá aonde for; realmente fica até mais barato conversar com um amigo pelo msn ou skype do que fazer uma ligação interurbana ou internacional, por exemplo.

A rede aproximou as pessoas e transformou a manutenção de certas amizades, outrora bem difíceis, em algo simples e corriqueiro.

Mas como todo ambiente que reúne muitas pessoas e possui seus códigos sociais, jargões, regrinhas de etiquetas, a internet também tem as suas bolas fora.

O que dizer de alguém que expõe sua vida de maneira frenética on line? Essas pessoas que colocam em blogs todas as suas particularidades, brigas, com detalhes dignos de programa de televisão aberta em fim de tarde?

Um horror, mas o pior são aqueles que nos fornecem um "micro-diário" de suas vidas, como se fossem uma Jacqueline Kennedy de lanhouse.

Estão sempre lá no msn, seu nome, "Fulano", acompanhados do último bem de consumo que adquiriram, de algum lugar para onde vão ou simplesmente de algum programa que fizeram, algo como "Fulano- Iupi, comprei minha Sony Cybershot" ou "Cicrano- Nossa o banheiro da Disneylandia é lindo!"?

Não sei se é porque neste mundo das celebridades instantâneas as pessoas querem de todo jeito aparecer, se é a solidão das grandes cidades e da sociedade moderna ou se é porque a funcionalidade da internet já ultrapassou os limites saudáveis e alguns não conseguem mais compartilhar mesmo as coisas mais comezinhas "apenas" com seus familiares e amigos mais próximos, e precisam fazer este pequeno Big Brother virtual.

Com a chegada do Twitter isso não mudou nem um pouco, pelo contrário, o serviço de microblogging permite que as pessoas narrem até suas idas ao banheiro em 140 caracteres.

Tem muito blogueiro "bem-sucedido, popular e invejado" que ao invés de tomar seu banho de praia patrocinado pelo dinheiro público, beber seu prosecco bancado por alguma empresa de software ou simplesmente ir beber no seu boteco nos finais de semana, passa estes eventos inteiros tuitando, ao invés de vivendo.

Poderia comer seus churrascos de gato em paz, mas que nada, precisa postar até quantos nervos achou no bife com direito a foto no Twitpic e tudo.

E nessa tal solidão do mundo moderno, as pessoas acham mais fácil conversar com alguém via internet (no caso de alguns "monologar") do que com alguém bem ali na sua frente.

Nos transformam em paparazzis involuntários, atirando suas polaroids em nossas mãos e potando-se na frente das lentes.

É como se fossemos perseguidos na rua por uma revista Caras gigante, que corresse atrás de nós e se abrisse na nossa frente, na verdade se arreganhasse, nos obrigando a ler o que está escrito, nos empurrando sua coluna social de pobre pela goela abaixo.

Isso sem falar nas pessoas que entram num programa de troca de mensagens instantâneas e colocam assim "ocupadíssimo(a), por favor não incomodem", não seria mais fácil nem ligar o tal programa, pra começar?

Mas essa é outra história, estou meio ocupado para falar sobre isso agora...

9 Comentários:

andre postou 3 de novembro de 2009 às 07:47

Muito bom o texto, eu estava comentando isso ontem mesmo com um camarada. Dá um pouco de pena de uma figura que sente a necessidade de postar como é vip em uma padoca qualquer da Ilha do Governador, onde o Severino sempre enche seu copo americano até a boca de gim Seagram's...

Anônimo postou 3 de novembro de 2009 às 07:50

Vcoê n eh bróder.

Unknown postou 3 de novembro de 2009 às 07:54

Vamos começar do fim pro começo...(?)
Essa de estar sempre ocupado e aparecendo pra todos...conheço um.Meses só aparece como ocupado.Acho que ele não sabe que se prefere escolher com quem teclar,basta ficar off e mandar ver.Minha tática infalível!No meu caso,não puxo papo,porque a maioria das pessoas trabalha,e não serei eu quem lhes tirará a concentração.Porém,sabem que estou aqui,em OFF,mas estou.
Mas esse negócio de falar cada pum que solta no twitter,blog,ou seja lá onde for,pode ser carência,ou apenas chatice crônica.Talvez por achar legal o contador de twittadas estar lá nas nuvens.mais uma prova de que quantidade não é qualidade.
Ainda assim,deveria ser criado (embora duvido que respeitado),um manual etiquetas.Talvez alguns então conseguissem ligar o desconfiômetro,e mantê-lo sempre atualizado.Incluindo a mim,que muitas vezes falo demais...

Danilo B. postou 3 de novembro de 2009 às 09:01

As pessoas se sentem sozinhas... todas as 6 bilhões delas! rs

Fernanda postou 3 de novembro de 2009 às 09:34

Estamos na era na qual as pessoas terminam relacionamentos via Gtalk ou MSN e se recusam a resolver a questão pessoalmente. E pior: acham isso normal.
Há poucas semanas tive essa experiência do quanto as pessoas são viciadas no mundo virtual: desapareci alguns dias dos comunicadores instantâneos, Twitter e afins. Abandonei a caixa de entrada dos e-mails. Queria descanso. Quando voltei, havia dezenas de mensagens pipocando sobre meu desaparecimento. Mais um pouco e teriam dito que fui sequestrada. O curioso é que todos que demonstraram desespero virtual ao me ver "sumir" têm meu telefone ou sabem onde moro. Mas quase ninguém (salvo uma única amiga) bateu à minha porta, telefonou ou mandou um mísero SMS. É o vício. Se você some virtualmente, você não existe. E mesmo quando some, poucos se dão conta de que você sumiu.
Aí vi o quanto essa rotina via cabos é tosca e superficial. E o quanto a "relevância" também tem seus limites. Faz-se bons contatos pela internet (sim, eu gosto dela), mas amizade mesmo, só vale aquela do dia a dia.
Para saber da minha vida, a solução não é me seguir no Twitter. Porque quem vai saber mesmo, são aqueles que estão aqui, ao lado, saboreando a verdadeira convivência (e é essa "relevância" que conta para mim).
Abraço!

Mile Reis postou 3 de novembro de 2009 às 09:35

Quase morrí de rir ao ler seu texto. Estas palavras materializaram o que eu estava apenas sentindo. Muito legal.

Linamarina postou 3 de novembro de 2009 às 09:41

É uma vaidade burra, uma carência desesperada, alimentada cada vez mais por pessoas que querem ver o circo pegar fogo ou até por iguais no desespero de serem anônimos, preferindo assim o ridículo do "falem mal mas falem de mim". Do tipo sua inveja faz minha fama rsrs. Bad trip. Gosto muito do twitter, mas gosto muito mais de mim.

@linamarina

wikipiada postou 3 de novembro de 2009 às 12:57

Dado diz: Você traiu o movimento fútil velho!


Muito bom seu texto, parabéns!

Abraço!

Unknown postou 3 de novembro de 2009 às 13:40

Excelente este texto.
Falo todos os dias sobre o comunicador a mesma coisa que citou: se está ocupado por que raios liga?
Mas também admito que a internet faz com que as amizades feitas em outros estados e países pareçam estar sempre presente na minha vida em tempo real.
Sou fã desse humor ácido e inteligente.
Mais uma vez parabéns!!

 
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