Houve um tempo em que sentávamos à mesa de um restaurante e, após escolher atentamente no menu, os pratos desfilavam calmamente na nossa frente, como se o almoço tivesse mais ou menos umas 12 horas de duração.
Tudo bem que não poderia continuar sempre assim, afinal, se ficaram para trás o colete, as polainas, às idas regulares ao barbeiro e as anáguas, dentre tantas outras coisas, por que haveria de permanecer a digestão saudável entre nossos hábitos?
E surgiu o fast-food.
Claro que não foi assim de uma hora para outra. Primeiro vieram as minutas, depois os pratos feitos, em seguida os galetos comidos em pé em algum balcão e finalmente o Mc Donald's e seus similares.
Era tudo muito fácil e rápido: hamburguer com ou sem queijo, batata-frita grande ou pequena, Guaraná ou Coca-Cola, com ou sem gelo e pronto. A maior estravagância era a receira do Big Mac, com seu molho especial e o pão com gergelim.
De qualquer forma, estava ali um almoço entregue em 2 minutos, comido em 5 e que levaria uns 3 meses de academia para abandonar seu corpo.
Mas pelo menos era simples.
Só que foram aparecendo coisas como o cheese-salada, o cheese-bacon, o cheese-egg, o cheese-purê, o cheese-pega-qualquer-coisa-que-você-tiver-aí-e-bota-nesse-pão, e assim em uma simples (e avessa à vigilância sanitária) Kombi de esquina você podia se deparar com delícias da alta culinária moderna.
Até que os cardápios de fast-food foram sendo ampliados e surgiram locais como o Subway, onde a variedade de opções te obriga quase a fazer um exame psicotécnico e tirar uma carteira de habilitação para frequentá-lo.
Sério, já pensou em alguém saindo de uma máquina do tempo direto dos anos 30 e chegando aos dias de hoje?
Entre o espanto por ver que as pessoas vivem com pressa apesar de estarem indo para onde não querem chegar - no trabalho - e porque usam um telefone para enviar textos ao invés de simplesmente falar, fatalmente ele sentiria fome e seria obrigado a decidir em segundos entre opções como:
- Italiano, parmesão e orégano, três queijos, integral, aveia e mel, 15cm ou 30cm, almôndegas, atum, B.M.T., carne, frango pizzaiolo, frango teriyaki, italiano, peito de frango, peito de peru, frango com cream cheese, sabor em dobro(?), alface, rúcula, tomate, azeitona, picles, pimentão, pepino, cebola, molho de maionese, parmesão, mostarda, chipotle, barbecue, mostarda e mel, cebola agridoce, sal, vinagre, azeite, orégano e, claro, pimenta (calabreza ou do reino).
Tudo com o atendente perguntando isso freneticamente e clientes nervosos atrás, dizendo coisas como "porra, já estou aqui há 1 minuto e meio" ou então "não adianta ficar namorando o peito de frango que ele não vai virar a Carolina Dieckman".
Nada mais de "boa tarde, o que o Senhor deseja?", "traga o de sempre, meu bom rapaz" ou "não conta para ninguém que eu trouxe aquela prostituta polaca aqui ontem, viu?".
Explicaríamos isso ao hipotético viajante dizendo que gastamos melhor o nosso tempo, não desperdiçando preciosas horas, e que foi por conta disso tudo que nosso dia ficou assim, rápido e indigesto.
E por mais que ele não entendesse bem porque poupamos tantas horas para no final não gastarmos nenhuma delas com nós mesmos ou porque a comida servida parece tão diferente daquela comida fotogênica que mostram no cardápio, pior mesmo seria explicar porque alguém chega num drive-thru, faz o pedido e depois estaciona para comer dentro do carro.
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2 Comentários:
Sempre, sempre lembro do filme Um Dia de Fúria.
Esses lanches de fast-food se mostram muito bonitos e vem muito feios, tudo desmilinguido. na propaganda os clientes são todos felizes, na realidade é aquela turba barulhenta. Da minha escassa experiência nessas lanchonetes, pra mim o McDonalds é o pior - sanduíche com um toque de gosto de caixa de papelão.
Comida ruim, jeito de comer ruim.
HAHAHAHA! Isso é verdade: eu sempre fico meio atordoada no Subway, com tantas perguntas. Na fila eu já fico estudando o meu pedido pra não demorar e deixar o atendente impaciente!
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