Natal do Barulho

Postado em 24 de dez. de 2009 / Por Marcus Vinicius

Estava lendo um site de notícias ontem e achei no blog da Patrícia Kogut uma declaração do Ney Latorraca que dizia: "Minha família é espanhola, o Natal sempre foi o momento de todos brigarem".

Primeiro achei engraçado, depois pensei comigo mesmo "não é que, mesmo sem ter família espanhola, esse cara acertou em cheio em relação a muita gente que eu conheço também?"

Chega a época do Natal e com ela um trânsito caótico.

Junto com o trânsito caótico os shoppings lotados, e os produtos em falta, e a TV te dando "idéias" sobre o que presentear, e algum repórter tem a idéia inovadora de ir aos Correios mostrar a quantidade de cartas que Papai Noel recebe, e os supermercados viram um caos, e todo mundo vira o José Roberto Arruda e sai por aí desfilando com panetones, enfim, sempre digo que apesar de gostar do dia de Natal especificamente por causa do seu significado, se eu pudesse viajaria pra uma ilha deserta no dia 1º de Dezembro e só retornaria dia 2 de Janeiro.

Esta é uma época que bem poderia ser filmada e colocada numa dessas comédias de Hollywood, tipo "Férias Frustradas", "Uma família do barulho", etc.

Todo mundo que trabalha enfrenta as confraternizações. São legais, tudo bem, mas aí tem o amigo oculto. Faz-se a tal brincadeira deixando que se escolha os presentes e ponha numa lista? Faz só comprando ítens com limite de preço? E se tirar o chefe? Ainda assim vai dar um porta-retratos de loja de 9,99?

Sem contar aqueles caras que estão de olho na menina o ano inteiro e esperam a festa de final de ano da firma pra encher a cara e tentar a sorte...o azar é quase certo.

Mas isso seria o de menos, se não tivesse também, tal qual o Ney Latorraca, as festas em família.

E quem reúne a família toda (e passei um bom período da minha vida, enquanto minha bisavó era viva, festejando Natal assim) vai entender o que eu falo.

Uma tia não vai muito com a cara da outra, sabe como é, mesmo depois dos 50 elas ainda lembram daquele baile de debutantes da época da Rádio Nacional em que uma derramou ponche no vestido da outra.

As duas fingem aquela convivência pacífica até começar o "Meu filho passou numa federal..." ao que a outra responde "Que máximo! Esse menino é brilhante! Mas não foi o 3º ou 4º vestibular que ele prestou?".

Quem não tem um tio que começa a tarde bebendo cerveja, passa ao vinho no jantar e termina a madrugada com um copinho de whisky, cantando músicas, contando piadas e meio que enchendo o saco de todo mundo? E a esposa dele? "Fulano, já chega, né?" e ele "Já chega porrrrrrrrque? Tô me diverrrrrtindo poorrraaaa".

E jamais poderia esquecer a cozinha! Peru, bacalhau, tender, carne assada, lombinho, bolinhos de bacalhau, acompanhamentos diversos, pudim, tortas, bolos, sorvete, doces variados, castanhas, nozes, avelãs, chocolates, panetones logicamente e aquela saladinha de fruta que é pra ninguém dizer que fugiu da dieta e poder colocar a culpa no dia seguinte, caso tenha alguma dor de estômago.

Junta todo mundo à mesa e começa o trabalho de processamento daquelas toneladas de comida, com alguma tia gorda dizendo que "no ano-novo começa uma dieta sem falta!" complementando com um "Me passa aquela empada de camarão com catupiry, por favor?!".

No final das contas, como em toda família, todo mundo se gosta, só que alguns pero no mucho.

Mas Natal também é isso, e no fim todo mundo extrai algum prazer dessa maluquice coletiva que somos praticamente obrigados a fazer parte por ocasião do nascimento de Jesus.

Sempre tem algo que nos alegra e faz rir, ainda que seja observar nossa mãe se vingando do horrível enfeite de mesa que ganhou no ano anterior presenteando a cunhada com uma cara (e horrenda) fruteira cintilante cheia de dragões chineses desenhados.

As crianças correm pra lá e pra cá na sua alegria e infindável energia, Papai Noel aparece e logo em seguida elas enlouquecem abrindo presentes, depois dormem.

Já com elas dormindo, a festa vai ficando mais lenta, até que sobra um caminhão de louça para alguém fazer desaparecer e algum bêbado perdido para se jogar uma coberta por cima.

No dia seguinte, todo mundo agradece em pensamento ao inventor do sal de frutas e começa a pensar "No reveillon vou de branco ou amarelo? É pra pular 7 ou 9 ondas?".

É isso aí. Feliz Natal, amigos. Um excelente Natal para todos vocês!

(Este Blog volta dia 28 de Dezembro, provavelmente já refeito da ressaca do Natal)

4 Comentários:

Unknown postou 24 de dezembro de 2009 às 09:02

Pois é,no fim de tudo,embora queiramos que saia tudo certinho,essa confusão familiar toda acaba assim mesmo!Faz parte!Não brigando,já é muito bom!
desejo à vc meu apimentado amigo escritor um Natal em companhias agradáveis,(toleráveis talvez),e que reine harmonia e paz.E que no ano novo,depois de toda farra,vc volte ainda mais cheio de idéias,comentários e opiniões para o nosso deleite!
Um forte abraço!

Chelsinha postou 24 de dezembro de 2009 às 12:05

Tinha que comentar! Já pensou se Papai Noel não vem mesmo!!??? ahahaha
Realmente a confusão de Natal é estressante... Mas tudo compensa no dia 24 à noite, quando juntamos a família. Se não brigarem né? rsrsrs
Feliz Natal pra você!

Annanda postou 25 de dezembro de 2009 às 08:22

E Haja paciência e "espírito natalino"!
Agora só ano que vem...ufa!
Goste daqui!

@sobrecomum postou 25 de dezembro de 2009 às 15:27

Família que briga unida permanece unida. Já ouviu a frase "eu posso falar mal dele porque sou parente e os de fora não!" Então? È a mesma coisa. No sia 25 de tarde ta todo mundo comentando da comida que tinha sal a mais, do vestido que tinha pano a menos, do presente que não veio... E por aí vai.

 
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