Dependendo de onde a pessoa nasceu, o lugar passa a defini-la. Já faz muito tempo, mas o Rio de Janeiro já foi cheio de "Pernambucos", "Mineiros" e "Paraíbas". Com o aumento da migração e o ataque do politicamente correto, as alcunhas foram praticamente aposentadas.
Mas experimente alguém vir de Roraima ou do Acre para ver se não se tornará rapidamente "o Roraima" e "a acreana". É que a menos que você seja de lá ou vá morar por algum motivo, vai conhecer mesmo pouca gente desses lugares. E assim também acontece com gente de lugares remotos como Manaus ou de municípios menores, porém de nomes tão exóticos quanto Bofete (SP), Varre-e-Sai (RJ), Ressaquinha (MG), Coité do Nóia (AL), Xangri-lá(RS), Uauá (BA), Nhecolândia (MS), Quincuncá (RN).
Só com muita sorte alguém de um desses lugares não ganhará um apelido referente a eles. Acho que as pessoas só não gostam de brincar com quem vem de Pau Grande (RJ), porque aí o apelido ajudaria a vítima ao invés de caçoar dela.
E isso funciona também em relação aos países do mundo. A menos que o viajante seja do Djbouti ou do Quirguistão, provavelmente haverá algum estereótipo ligado à sua terra que será mencionado quando ele anunciar de onde veio.
Até o Cazaquiatão já tem o Borat pra isso. Se o turista for argentino falarão de churrasco, Evita, Gardel e Maradona, a menos que ele esteja no Brasil, onde falarão de catimba, pouco apreço por tomar banho e outras grosserias disseminadas pela nossa televisão.
Um brasileiro passeando no exterior fatalmente ouvirá a tríade-maldita "Pelé-Mulata-Favela" quando disser de onde veio, o que me deixa fulo da vida, não tanto pelas menções, mas porque eles tem alguma razão em achar que não produzimos muita coisa além de batuque e barracos nos últimos 100 anos.
Mas o que me irrita mesmo é estar em algum lugar e alguém vir me dizer que conhece um "restaurante brasileiro maravilhoso, com feijoada, caipirinha e um sambinha". Sim, claro, como sou brasileiro tenho a mente tão limitada que mesmo na Europa ou nos EUA só consigo me divertir ouvindo batucada e comendo porco esquertejado. Sei que a intenção não é ofender, mas me ofendo mesmo assim.
É como você virar para um americano e dizer "Estados Unidos? Ahhh! Fast-Food! Gente gorda! Malucos que atiram nos outros dentro de lanchonetes!" ou então conhecer um francês e dizer "França? Queijo podre! Desodorante vencido! Não toma banho!".
E tem pra todos os gostos: "Italiano? Mora com a mamma até os 50! Comedor de lasanha! Só fala gritando!" ; "Português? Tamanco! Mulher de bigode! Ceroulas!".
Entendem? Qualquer um acharia isso um saco, menos algum sujerito lá de Pau Grande, que provavelmente iria adorar se alguém dissesse "Pau Grande?Quanto você calça?".
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8 Comentários:
hahahahaha Rindo muito mesmo! Adoro a tua presença de espírito, embora pareça sempre de mal com o mundo. Eu também odiaria estar em Paris e alguém me oferecer feijoada e caipirinha. É como ir num baita churrasco e comer arroz! Arroz e feijão eu como em casa todo dia, quero provar o que é diferente.
É realmente otimo sair do Brasil, ataravessar o ocenano atlantico para ir num "restaurantizinho brasileiro muito bacana" comer feijoada, tomar caipirinha e ouvir um samba. >=(
E o pior é que tem gente que gosta disso...
É... só que a família do Garrincha, processou um reporte, que mencionou que o famoso jogador era de Pau Grande. O pior é que (estando em outro pais), todo mundo vem perguntar do “Rornaldoo”, como se este cara fosse meu vizinho, um saco!
Se enganou ao dizer que Manaus é uma cidade pequena, pois essa tem quase 2 milhões de habitantes.
Paula,
Eu conheço Manaus e não a chamei de pequena não...
Abs
Sabe o que me deixou P da vida em Miami? Primeiro que o que menos tem lá é americano, né?
Aí toda vez que eu ia comprar cerveja, como eles pedem um documento para ver se é maior de idade, viam que eu era brasileira e pronto! Começavam a falar espanhol em velocidade 5!
Oi??? Eu falo PORTUGUÊS, não espanhol. Aí eu não tinha outra opção a não ser responder: "In English, please?"...
Sabe o que me deixou P da vida em Miami? Primeiro que o que menos tem lá é americano, né?
Aí toda vez que eu ia comprar cerveja, como eles pedem um documento para ver se é maior de idade, viam que eu era brasileira e pronto! Começavam a falar espanhol em velocidade 5!
Oi??? Eu falo PORTUGUÊS, não espanhol. Aí eu não tinha outra opção a não ser responder: "In English, please?"...
Mais um excelente post, e uma bela reflexão. Realmente, estereótipos são difíceis de quebrar. Como meu maior interesse maior é Brasil e Argentina, você mandou muito bem ali.
Abração!
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